16 de fevereiro de 2012

O ministro Carvalho, os evangélicos e o pedido de perdão

Pela primeira vez na história brasileira um ministro de Estado, no caso o senhor Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, precisou pedir perdão, literalmente, a parlamentares da bancada evangélica - parte dela é a patota da foto - por ter dito, no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, que é preciso "disputar com a comunidade evangélica, de preceitos conservadores, a nova classe média do Brasil." Carvalho é católico.
Dias atrás a ministra Eleonora Menicucci, que se disse a favor do casamento gay e do aborto, igualmente teve que se retratar perante a mesma bancada. Nos dois casos, por ordem da presidente Dilma Rousseff.
Números mostram que no Congresso Nacional, quatro de cada dez parlamentares são evangélicos. E eles podem fazer um estrago danado contra o Governo Federal, aprovando tudo o que não interessa a este. O impressionante é que esse País é laico. Constitucionalmente falando. Portanto, teria que ser direito de toda pessoa, principalmente de um ministro, dizer que pretende disputar esse ou aquele voto. Isso é inerente à atividade política. Da mesma forma, união estável gay e aborto são temas de tal importância que deveriam ser avaliados pelo conjunto de toda a sociedade após ampla consulta e não por uma parcela desprezível dela. Além do mais, o Brasil só permite a interrupção da gravidez em três casos: feto anencéfalo, gravidez provocada por aborto ou que possa levar a grávida à morte. Em todos, por iniciativa dela.
O mais preocupante é que os evangélicos têm pretensões de Estado. De tornar o Brasil uma sucursal de suas igrejas, garroteado por seus dogmas e crenças. Ainda que isso contrarie a vontade da maioria. Para eles tanto faz. Corremos o risco de viver essa realidade. E quando acontecer, se realmente esse dia chegar, dinheiro de dízimo sendo desviado para contas particulares ou compra de mansões será o mal menor. 

Um comentário:

João Marcos T. Theodoro disse...

Isso é um absurdo incomensurável. Ignora-se bastante que a laicidade do Estado.

O aborto e o casamento gay não são assuntos discutíveis, simplesmente porque é óbvio que devem ser admitidos, dado que só dizem respeito a uma pessoa, não à sociedade.