Essa história me vem à mente na época em que a Comissão da Verdade começa a investigar os crimes cometidos no Brasil pelas ditaduras Vargas e militar.
Da primeira já se conhece muito e existe pouco a desvendar. Da segunda, não. Costumo dizer que, perto do regime de exceção que vivemos entre 1964 e 1985, Getúlio Vargas era apenas um aplicador de palmatória. Milhares de brasileiros foram presos ilegalmente, torturados e mortos nos porões de nossa última e derradeira ditadura. A democracia brasileira foi estuprada. A Constituição, pisada. O Congresso, fechado. Por irônico que possa parecer, foram os comunistas dos mais diversos matizes e siglas os que se insurgiram contra o status quo, enquanto a direita, sobretudo os grandes conglomerados de Comunicação de praticamente todos os Estados, não apenas apoiavam o regime, mas também se locupletavam dele. Nadavam em generosas verbas publicitárias oficiais. Não poucos enriqueceram.
O Partido Comunista Brasileiro, PCB, sigla à qual pertenci, não aderiu à luta armada. Sabiamente, optou por solapar o regime militar infiltrando seus membros no MDB e detratando ditadores e seus auxiliares. Sabia o Partidão que, mais cedo ou mais tarde, a ditadura cairia. E de podre, como efetivamente veio a cair.
Ulisses: "A sociedade é Rubens Paiva" |
O PCB não ficaria incólume. Quando a "abertura" (triste eufemismo!) era inevitável, o general Geisel, investido no cargo de presidente, determinou o massacre de praticamente todos os membros do Comitê Central. Eles foram assassinados em uma reunião, a mando do assassino do Palácio do Planalto.
Esses são os fatos que a Comissão da Verdade tem o dever ético e moral de levantar. Que levante também as mortes provocadas pelos movimentos de esquerda, e elas aconteceram. Mas, nesse caso, talvez investigue um por cento da conta dos mortos.
Creio que, fazendo Justiça sobretudo aos familiares dos massacrados, essa Comissão vai prestar um tributo à democracia - que cresce ao desvendar crimes - e ao grande Ulisses Guimarães. Esse político, quando da promulgação da Constituição de 1988, teve a coragem de dizer, no Congresso e diante de uma democracia ainda tênue, claudicante, palavras que deveriam ser inscritas em placa e pregada na entrada do Legislativo: "A sociedade é Rubens Paiva; não os facínoras que o mataram!"
7 comentários:
Merelhinho, um brasileiro exemplar. Poucos sabem, mas ele era também muito atento aos novos tempos.
Merelinho, um grande brasileiro. Pouocs sabem, mas também ele era muito atento aos nvovs tempos.
Meu avo...só orgulho.."um homem a frente de seu tempo"...
Grande mestre!!!!! grande avo!!!!
Meu avo...só orgulho.."um homem a frente de seu tempo"...
Meu avo...só orgulho.."um homem a frente de seu tempo"...
Olá, estou fazendo pesquisa genealógica da minha família e tenho um projeto aprovado pela prefeitura de Vitória onde irei falar de alguns capixabas que fizeram a história desta cidade. Por isto, eu gostaria de deixar o meu e-mail para àqueles que puderem colaborar comigo. Vespasiano faz parte da minha genealogia. taniavalena@hotmail.com e o facebook https://www.facebook.com/taniavalenna.
Obrigada.
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