24 de janeiro de 2014

Uma gente diferenciada...

Na escada rolante do shopping, a "gente diferenciada" faz o seu "rolezinho"
Peca, e peca por burrice, quem consegue ver algum tipo de tonalidade ideológica no movimento dos "rolezinhos" que assunta donos e comerciantes de shopping centers. Assim como pecava quem fazia o mesmo com os movimentos contra aumentos de passagens urbanas e que acabaram com pancadarias provocadas por bandos de encapuzados black blocs.
Essas pessoas já foram chamadas de fascistas, de comunistas, de tudo. Mas não têm nem comando nem orientação. Apenas nutrem uma vaga noção de que o Estado está falido e que se elas mesmas não fizerem nada, nadinha vai acontecer em favor delas. Estão certas, e isso no caso daqueles que vão às ruas reivindicar, fazer passeatas, desde que sem violência.
Os "rolezinhos" são diferentes. E o que marca essa diferença é a "solução" que o Governo ensaia encontrar: criar "áreas de lazer" nas periferias, onde essas pessoas possam se encontrar. Ou seja, o Estado sabe o que acontece: essa garotada, em sua maioria, é formada por excluídos e que, por falta de espaço, resolveram invadir templos cercados e erigidos para o consumo das classes alta e média e onde a presença deles não é considerada adequada. Muito pelo contrário.
Lembro-me como se fosse hoje de um movimento de moradores de áreas nobres de São Paulo contra a passagem do metrô por lá. Uma burguesinha entrevistada por certa emissora de televisão disse que não queria o metrô na região porque ele iria levar para a porta de sua casa "uma gente diferenciada". Esse termo, diferenciada, marca bem o que ela pensa. Eles não são iguais a nós; são diferentes. E como são diferentes, não possuem carros de luxo, mansões e filhos nos melhores colégios, não podem descer do metrô em qualquer lugar. Nem ir a shoppings.
Nós temos um país de guetos. E eles só fazem aumentar, mesmo em tempo de "Governo Popular", como os membros do PT gostam de chamar suas administrações. Ou como o ex-presidente Lula, hoje dono de uma fortuna cujo montante só que pode quantificar, classifica os "companheiros" operários. Aqueles que, como ele, nasceram na miséria. Mas continuam na merda, ao contrário dele.
Os "rolezinhos" vão acabar. Com guetos ou sem guetos de periferia. Afinal, não se trata de um movimento que se sustente por si só. Mas vão deixar sua marca. Mais uma delas: a separação de uma sociedade desigual, onde os bem aventurados não querem ver os alijados. Preferem não ver pois, como não vão fazer nada, assim sequer sentem o cheiro.    

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