1 de janeiro de 2016

O placebo e o remédio

Tradição de congraçamento em quase todas as partes do mundo, a passagem do ano foi comemorada no Brasil quase da mesma forma que sempre. As pessoas foram às ruas, se abraçaram efusivamente e se desejaram felicidades umas às outras. Hoje estão acordando de volta à realidade, embora desejar felicidades seja muito bom. Na caminhada de ida e volta até onde tomei meu café da manhã, passei por três pequenos grupos de mendigos dormindo em calçadas e praça. Eles aumentam a cada dia que passa e onde os vi, no bairro de Jardim da Penha, em Vitória, quase não havia disso antes.
É uma unanimidade entre os que estudam economia dizer que a crise do Brasil é grave e deve se agudizar. Isso apesar de nas redes sociais ela ser apresentada como uma simples "marolinha" por pessoas às vezes cultas e que usam até imagens das filas de automóveis em busca de refúgio para o feriadão como fossem elas provas do contrário. Mas não são. Todos necessitamos de descanso.
O Brasil tem 113 mil apaniguados de âmbito federal, contratados como cargo comissionado e que inflam as folhas de pagamentos do Estado. Em nível estadual e municipal ocorre a mesma coisa. O paquidérmico Brasil estatal não corta gastos por que não quer. Ou então para manter comprado, no bolso do colete, o fiapo de apoio que possui no Congresso Nacional para evitar o impeachment.
Não há reformas por falta de vontade política. E nem vai haver. Falta ao governo decisão, coragem, competência e autoridade moral para agir de forma independente. Aliás, nem governo ele é mais, desde que a crise atual tirou o comando do País do Executivo e o passou ao Legislativo e ao Judiciário. Hoje, mais a esse terceiro Poder do que ao segundo. Trocas de ministros são meras trocas de nomes ou de apoios. E como tudo é trocado pelo critério de "porteira fechada", o roubo não cessa.
Dilma Rousseff é um erro crasso. Um embuste. Não tem como presidir um País. Foi-lhe dado um cargo para o qual ela não nasceu e agora todo o Brasil paga um preço alto por isso.
Estamos no interregno entre o início de um ano e o carnaval. Até a quarta-feira de cinzas tudo vai andar a passos de cágado nesse País. É da tradição, tanto a de tempos de bonança quanto a de tempos duros como o que vivemos. E estamos às portas da maior crise de todos esses tempos. Que vai se refletir em novos rebaixamentos por parte de agências de risco, aumento desmesurado do desemprego, queda da produção industrial, do volume comercial e outros danos correlatos como, por exemplo, o prosseguimento das investigações de casos graves de corrupção.
Enquanto vemos isso, aumenta nas redes sociais a quantidade de textos de extremistas de direita pedindo a volta dos militares, replicando falas de múmias de há muito colocadas em seus sarcófagos e de arautos de soluções que são a repetição de antigos erros. O termo "comunista" é usado para se referir a esse governo, como se ele fosse isso, quando é apenas um convescote de ladrões. Ou, como disse o ministro Gilmar Mendes, do STF, um grupo de ladrões de sindicatos que se tornou um sindicato de ladrões. Vem mais crise pela frente. Coisa muito pior do que vivemos até agora.
As festas de final de ano e o carnaval são nosso placebo. Depois chega hora do remédio.

Nenhum comentário: