1 de abril de 2019

A herança dos estúpidos

 Bolsonaro em Israel: brincando com fogo na arena delicada internacional
O ponto mais sensível dos governos, sobretudo quando se voltam para regiões ou países conflagrados é a política externa. É costume dizer: o que se fala, sinaliza ou até mesmo se pensa nessa área tem reações imediatas. Leituras diversas. E consequências muito grandes. O Brasil sempre teve uma política externa fortemente marcada pela neutralidade, pelo cuidado, até mesmo durante a ditadura militar.
Eu disse teve. No passado.
O atual presidente, Jair Bolsonaro, é um analfabeto funcional político e isso se reflete em tudo o que faz nesse terreno, mesmo desde antes de sua posse em 1º de janeiro. Como se não bastasse, seu chanceler Ernesto Araújo é considerado um tolo até mesmo no Itamaraty, entre os diplomatas mais experientes, o que tem provocado prejuízos ao Brasil. Vai provocar mais agora, quando o presidente está em Israel desfilando numa das regiões mais explosivas do mundo como se estivesse em casa, no Rio de Janeiro. Falando e fazendo besteiras.
A reação imediata da Palestina depois que ele anunciou a abertura de um escritório de negócios brasileiro em Jerusalém foi chamar de volta seu embaixador no Brasil. Isso por si só representa muito pouco. Mas se os governos do Oriente Médio e de países muçulmanos tomarem as dores dos palestinos e retaliarem contra nós cortando as relações comerciais conosco, estaremos no mato sem cachorro. Nossas vendas externas de proteína animal, principalmente frangos, depende deles.
O chanceler Ernesto Araújo vem sendo chamado de despreparado depois de declarar que o nazismo e o fascismo são ideologias de esquerda. Da Alemanha vieram as maiores críticas. Mas Bolsonaro também é criticado em praticamente toda a Europa. Os únicos elogios saem do Primeiro Ministro de Israel, que o está usando para tentar se reeleger em seu país em meio a fortes acusações de corrupção. Politicamente cego, o brasileiro não consegue ver isso.
"Bozo" já elogiou Stroenner no Paraguai, Pinochet antes de ir ao Chile, todos os ditadores sanguinários do Brasil desde que iniciou sua campanha presidencial e ainda não teve chance de fazer o mesmo enaltecendo os ditadores argentinos por falta de oportunidade. Mas está se coçando de vontade.
O problema é que entre seu despreparo total e a realidade da política internacional existe um abismo para onde ele está correndo e de onde não vai ser retirado por nem Donald Trump - seu outro ídolo incondicional - quando o Brasil ficar isolado no mundo com consequências econômicas trágicas.
A herança dos estúpidos costuma ser a miséria.

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