8 de maio de 2021

Massacre em Jacarezinho


Nos tempos em que o exército dos Estados Unidos "conquistava" o Oeste do país, um belo dia houve reunião de alto comado em um dos fortes da região para definição de ações de combate. Estavam presentes os generais das linhas dura e leve. Em dado momento, defendendo uma posição mais flexível dos militares, um general disse ter conhecido muitos índios bons ao longo da vida. Um outro de linha dura, Philip Henry Sheridan retrucou: "Pois os únicos índios bons que conheci estavam mortos". O diálogo foi ouvido por um ordenança que o passou adiante e gerou o velho axioma "índio bom é índio morto". Aqui no Brasil há mais de um século ele foi adaptado para "bandido bom é bandido morto". E a polícia do Rio colocou isso em prática quinta-feira em Jacarezinho.

Um policial morreu. Além dele, contados até agora, 28 outros homens. É certo que a imensa maioria cometia crimes. Mas também que alguns inocentes foram no bolo. E é correto afirmar também que muitos largaram as armas e levantaram os braços. Foram mortos assim mesmo, executados friamente dentro de residências onde haviam entrado (foto da Revista Fórum). E como a polícia gosta de dizer que está em uma guerra declarada contra o tráfico, podemos acrescentar que foi então cometido um crime de guerra como ele é definido por normas internacionais. Inimigo rendido não se mata.

O jornalista Reinaldo Azevedo publicou no Twitter que as milícias ocupam 57,5% dos territórios de baixa renda (favelas) no Rio de Janeiro. As Facções ficam com 15,4%, em 25,2 por cento há disputas ou parcerias entre os grupos. Em Jacarezinho, onde houve o massacre, as milícias jamais entraram e lá quem manda é a facção conhecida como Comando Vermelho. A polícia nunca fez ação em regiões ocupadas por milicianos. Reinaldo termina: "Entendem?" Entendemos sim.

Há no Brasil, sendo criado hoje, agora, um estado paralelo. E a inspiração para isso vem de Brasília, da presidência da República. O presidente já disse em mais de uma oportunidade que o miliciano Adriano da Nóbrega, morto na Bahia em ação de queima de arquivo, foi condecorado antes de ser declarado fora da lei porque era um herói. Esse é o tipo de heroísmo que ele glorifica. Esses são os seus heróis. Nóbrega, ditadores sanguinários sul-americanos e gente como o torturador Brilhante Ustra.

Acorda, Brasil! Já é hora de reagirmos. Existem outros Jacarezinho nesse País, fora do Rio de Janeiro, talvez até mesmo aqui ao lado da gente e onde poderemos ser mortos por engano, como efeito colateral de outra ação de "inteligência policial".     

 


  

2 comentários:

MT disse...

E essas milícias costumam fabricar insegurança para vender segurança, haja vista o rico filão da gatonet, do portão elétrônico, da ronda noturna( guarda patrimonial), da câmera de segurança. Não raro, há na gerência disso sempre um testa- de- ferro de militar de alta patente.( MT)

Rubens Gomes disse...

Favela vive é o cacete, favela vive de cacete de policiais armados até os dentes que parecem pitbuls mortos de sede