17 de junho de 2021

A guerra perdida


Em seu  primeiro périplo europeu como chefe de Estado o presidente dos EUA, Joe Biden, não apenas se ocupou de remendar os estragos do antecessor na política externa com a Europa, mas também de "denunciar" os perigos representados pela Rússia e pela China sobre o "mundo livre". Com o presidente russo ele se reuniu e decidiu voltar a trocar embaixadores. Mas o primeiro ministro chinês não estava lá. Nem vai. Nem tem agenda para discutir esses pontos nos próximos tempos.

Esse fato me remete há cerca de 30 anos quando, editor do jornal A Gazeta, participei de workshop promovido pela direção da empresa para aprimoramento gerencial. Houve reuniões no Hotel Porto do Sol, em Jardim Camburi, e em Nova Almeida. Num dos módulos apresentados em Vitória o instrutor da Fundação Dom Cabral, contratada para o evento, nos disse que em algumas décadas a China seria a maior potência da terra, tanto econômica quanto militar. Isso, gente, faz cerca de 30 anos! Alguns riram. Outros ficaram céticos, em silêncio. Mas o vaticínio está aí mesmo, corporificado na nossa porta hoje.

Agora os chineses dominam a alta tecnologia em vários campos do conhecimento humano. Se pararem de exportar, esse computador que estou usando ficará sem peças de reposição. Meu celular também. Televisores, maquinário industrial, rural e comercial igualmente. Em campos de engenharia eles não têm adversários. E mais: suas forças armadas estão próximas de rivalizar com as dos Estados Unidos e de ultrapassá-las em menos tempo do que se imagina. Vejam por essa foto de exercício de fuzileiros navais em praia chinesa, ano passado. Isso é real! Está acontecendo à nossa vista! 

Joe Biden sabe que está numa guerra perdida. Ora, se o estudioso da Fundação Dom Cabral sabia que isso estava perto de acontecer há mais ou menos 30 anos, os Estados Unidos também sabiam. Mas não acreditaram. Acharam conversa para boi dormir dizermos que seu império construído à custa de tanto sangue de inocentes cairia para um país com gente que, no passado, eles diziam parecer macacos.

Mas o fato se corporificou. Biden imagina que o melhor caminho hoje é se entender com os chineses. Se o esperneio é livre, a opção da guerra não teria vencedores nem vencidos. E se é para perder, os Estados Unidos sabem bem disso, é melhor que a derrota venha sem sangue e não como aconteceu no Vietnã. Afinal  de contas, todos os impérios um dia são suplantados e não há desdouro em ser o vice.             

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