22 de abril de 2022

O decreto tem que cair


Não há a menor sombra de dúvida sobre uma afirmação que faço aqui e agora: o atual presidente da República não sabe governar sem crises. Se elas não existem ele as fabrica. Até porque, e isso é a convicção de muita gente no Brasil de hoje, ele simplesmente não sabe governar coisa alguma.

O último ato do presidente para agredir as instituições democráticas do Brasil foi editar um decreto para dar graça e um bandido que havia sido condenado a pouco menos de nove anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em julgamento que sequer ainda transitou em julgado (foto). E fez isso porque o beneficiado (sic!) é seu amigo pessoal e divide consigo e com o restante da familícia e bolsomínions de raiz o profundo desrespeito por tudo o que os conteste. Principalmente o Judiciário.

Em nome da democracia, em nome das instituições sobretudo civis desse país, em nome da dignidade do Brasil como nação o decreto presidencial tem que cair. Ele precisa ser tornado nulo pelo mesmo STF por ele desrespeitado. E movimentos nesse sentido já estão crescendo a cada dia que passa.

A Marquesa de Santos, amante do imperador D. Pedro I, gostava de chamar seu amado de Capetão. Era um apelido carinhoso embora não parecesse. O Capetão que inferniza a vida dos brasileiros de hoje é diferente. Ele não ama, não sabe fazer isso. Sob seu governo o Ministério da Educação está sendo violentado. O Ministério da Saúde tornou-se mero apêndice da vontade presidencial e de pseudo pastores evangélicos. O meio ambiente é destroçado diariamente enquanto o ministério que teria de lutar por sua preservação é cúmplice no processo destrutivo. A economia patina, há clima de confronto retroalimentado em todas as suas instâncias e o enfrentamento entre o governo federal e os estados e municípios tornou-se política de Estado. Para não tornar o artigo enfadonho, basta dizer mais uma coisa: a Lei Rouanet, tão atacada pelo governo, agora despeja quase meio milhão de reais num projeto de edição de livro sobre armas. Sei quanto custa a edição de livros porque sou escritor. E porque sou escritor sei também que essa aprovação é pura e simplesmente roubo de dinheiro publico a céu aberto.

O Capetão não suporta a vida democrática. Existem imagens de entrevistas dele elogiando a ditadura militar para sustentar minha afirmação. Ele ataca o Judiciário apenas e tão somente para preparar sua militância no projeto de não respeitar o resultado das urnas em outubro se este lhe for desfavorável. Por isso tem que ser enfrentado. Sua graça a um bandido agride. A comoção que vivemos é a de ver o país agredido por quem quer ser seu dono sem contestação alguma, e não pelo veredito do STF.

Repito: é hora de reação. O decreto tem que cair.                          

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