1 de agosto de 2023

Amanhã vai ser outro dia...


Impossível evitar uma associação: vitimado por um câncer ao qual não conseguiu resistir apesar da cirurgia efetuada, morreu em Vitória Idivarci Alves Martins, um velho militante do PCB. Era da época de Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e tantos outros brasileiros que resistiram à ditadura militar lutando pela sigla do MDB ou outra como a do PT, mas jamais se entregando. Ao contrário de Idivarci e milhares de seus companheiros de ideologia, nem todos eram comunistas. Tinham em comum o fato de serem patriotas nos tempos em que esse termo ainda não havia sido prostituído pela política brasileira.

Os homens que viveram politicamente nas décadas de 1960, 70 e 80 tinham bandeira. E usavam suas crenças para exercer atividades políticas diárias, seja em partidos ou não. Durante os muitos anos da ditadura, o PCB de Idivarci e tantos outros eram siglas fora da lei. Das leis do governo que estuprou a Constituição brasileira.  E como não podiam erguer as siglas de seus partidos essas pessoas, militavam no MDB. Quem rompeu com isso foi o PT, movimento operário que surgiu para combater a ditadura dentro da legalidade. Era uma colcha de retalhos politico, o que sustenta até hoje. Mas naquela época quem não era?

Não quero - sinto que não posso -  dizer o que houve com a política brasileira para ela desembocar no que é hoje. Nessa escumalha, nessa excrecência que nasce nas câmaras municipais, passa pelos legislativos estaduais e termina em Brasília, na Câmara Federal e  no Senado. A falta de vergonha, hoje, é a regra de comportamento. É ela que permeia a vida do politico brasileiro, que na maioria das vezes não tem ideologia, não sabe a de seu partido e exerce a atividade diária nele porque não pode ser de outra forma. Sua visão começa pelo início de seu mandato e pela necessidade de conseguir a reeleição. Custe o que custar.

Muitos brasileiros acreditam que esse fenômeno vai se aprofundar ainda mais, mergulhando o Brasil na falta de horizontes políticos dignos e na venda de mandatos em troca de uma renovação ao final de quatro ou oito anos. Não creio. Prefiro acreditar que gente como Idivarci e tantos outros não lutaram em vão. Para nós que ainda temos um horizonte nesse Brasil de tantas lutas e que não aceita mais a tortura e a porrada da ditadura como é mostrado nessa foto, amanhã vai ser outro dia.

Há de ser!

3 comentários:

Professor Pereira disse...

A luta continua. É a nossa atitude e referência que vai ajudar nosso país a sair desse lamaçal horroroso em que se encontra em boa parte do espectro político.

Anônimo disse...

Amanhã será outro dia! Tem que ser assim. É a única certeza que temos. Mas ainda temos algum Idivarci? Quero acreditar!

klovis disse...

Precisamos primeiro achar o túnel, para depois enxergar a luz. Mas as esperanças não morrem, meu amigo.