16 de setembro de 2024

Bandidos em campanha


Está certo que José Luís Datena errou ao agredir Pablo Marçal com uma cadeirada (foto), e está errado ele não ter dito em sua nota oficial de hoje que se arrependia do ato praticado ontem porque, afinal, o fato se deu num debate transmitido ao vivo pela TV para todo o Brasil. Mas é inevitável dizer que há marginais em campanhas eleitorais brasileiras e isso vem se tornando mais agudo ao longo dos tempos, como acontece agora nas eleições municipais. Marçal, um criminoso condenado, quer ser prefeito da maior cidade do Brasil. Não imagino nada pior.

Mas isso só acontece porque partidos políticos em busca de votos abrem caminho a esse tipo de gente. Pior: também porque as populações das cidades chegam a dar terreno a essas pessoas para que elas tentem cargos de relevância. Isso surgiu e cresceu no Brasil com o advento da campanha do ex-presidente inelegível e genocida que antecedeu o atual. Foi ele quem eliminou das disputas politicas os limites da decência e do bom senso. Os apoiadores desse Marçal são oriundos da ala mais extremista dessa extrema direita apoiadora do cidadão.

E parece que o mal é contagioso! Num dos seus atos de campanha o agredido com a cadeirada disse que o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, era toxicômano. Isso se deu porque um homônimo deste era ou é viciado em drogas e Boulos nada tem a ver o fato. O atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, reagiu ontem a um questionamento do adversário com uma pergunta: "Você cheira?" Ele sabia o que estava fazendo e tinha o único propósito de agredir  moralmente seu opositor.

A solução para isso seria simples: fazer legislação dura e capaz de punir com muito rigor esse tipo de crime que envolve a agressão moral, equiparando-a à agressão física ou a tipificando logo abaixo desta. Mas isso passaria no Congresso, a quem cabe fazer e aprovar as leis? Não. A extrema direita brasileira, majoritariamente representada no Legislativo Federal, nasceu com o bolsonarismo, o representa e concorda com os bandidos de hoje.

Vai ser preciso muita luta para mudar esse quadro!         

15 de setembro de 2024

Passagem para a falência


Não conheço a pessoa, a não ser por raros cumprimentos, mas sei que está desesperado. O filho jovem viciou-se em jogos online e gasta tudo com o novo vício. O pai busca saída para a situação, mas é difícil e ele hoje tem que blindar casa, carro e esposa que é mãe do garoto para não permitir que o delírio de jogatina dele envolva toda a família. E essa é a realidade que está sendo de milhares de brasileiros, desde que a jogatina online e com o auxílio dos canais de TV passou a dominar a vida de todos.

Quem tornou legal essa nova febre brasileira foi o ex-presidente Michel Temer, que passou pelo Palácio do Planalto rapidamente. mas em tempo de fazer mal. De lá para a coisa só cresceu. Hoje termos como "Bet" e "Tigrinho", citando apenas dois, povoam o imaginário das pessoas. Na TV uma trupe de ex-jogadores, todos "comentaristas" de futebol vendem as diversas modalidades. Até o Brasileiro está no esquema. Tem de tudo, até alguns tipos nos quais o apostador participa do campeonato apostando. Geralmente para perder dinheiro.

Quando dei meus primeiros e únicos passos nessa área tudo era inocente. Fui um quase fanático pelo "Mário" (olhem o bigodinho na ilustração) e cheguei a ser craque em passar por todos os obstáculos até o fim do caminho. Mas era divertimento e não tinha aposta. O "Tigrinho", segundo quem é expert, pode tirar até a cueca dos apostadores. Isso tudo faz parte de um esquema criminoso que vai desde os influenciadores, na maioria dos casos picaretas que estão ou já estiveram na prisão por crimes diversos até os donos dos esquemas, encastelados no exterior. Eles são os que ganham o dinheiro. Na esmagadora maioria dos casos, os únicos que abocanham boladas.

Os nomes desses jogos de azar aumentam a cada dia. Cresce também o número daqueles que jogam fora o que têm na expectativa falsa de ficarem ricos. São incentivados em grande parte pelos nomes famosos dos vendedores de ilusão como o locutor Galvão Bueno, parte dos esquema e que termina sua participação com uma declaração que beira o cinismo: "Jogue com responsabilidade".

Isso tudo dá muito dinheiro. Tanto que as redes de TV brasileiras querem uma fatia do bolo e já driblam o espírito da lei para entrar em campo. Vamos nos lembrar que nos Estados Unidos, pátria maior da jogatina, foi a máfia que ela enriqueceu em primeiro lugar, e enriquece até hoje. Lá o jogo de cassinos tem regras duras, mas como os criminosos ainda o apoiam isso quer dizer que continua sendo muito bom. Provoca vício, miséria e mortes. Aqui no Brasil, onde as regras ou são muito frouxas ou não existem, o risco é inda mais agudo. Por enquanto os políticos ainda não entraram de cabeça no esquema. Quando e se isso acontecer, estaremos no mato sem cachorro.

Ainda vamos ver e noticiar muitos dramas provenientes dos "inocentes" jogos online, nossa mais recente passagem para a falência. Como não quero ser parte de nada disso, registro: "Tô fora!"                  

11 de setembro de 2024

A anistia não passa!


Fica aqui uma informação bem clara para as diversas quadrilhas de "bostonazistas" de plantão atualmente: uma anistia aos criminosos do 08 de janeiro do ano passado é só delírio. Não será pautada pelo Senado e, caso isso vem a acontecer e haja aprovação no Congresso, ela vai ser declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) imediatamente. Ponto final! Não há presos políticos no Brasil em decorrência da tentativa de golpe de Estado ocorrida naquele dia em Brasília. Há, sim, criminosos identificados, presos, processados. condenados e agora cumprindo pena em decorrência dos crimes cometidos.

O pior Congresso Nacional da história brasileira não trabalha. Conspira! E faz isso o tempo todo, basicamente usando redes sociais e tentando desestabilizar o governo eleito. Eles, os congressistas da oposição, não querem cumprir suas funções constitucionais em momento algum. Seu propósito é apenas e tão somente o de gerar tumulto e inviabilizar o governo, custe isso o preço que custar em prejuízos para o país. Incentivados por um genocida inelegível que identificam como "presidente" e que atua nas trevas de onde saiu como saudosista da ditadura militar, tentam todos os recursos para mudar a história do Brasil.

Agora o que querem? Votar um impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e uma anistia ampla. geral e irrestrita para todos os que tomaram Brasília, invadiram o Congresso, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal naquele início do ano passado com o intuito de derrubar o governo e reinstalar o antigo presidente na cadeira de mandatário máximo da República, cancelando sua inelegibilidade. Devastaram a Capital, quebraram tudo e não pouparam sequer obras de arte que, para essa gente, não valem nada.

Ontem, recebendo uma comitiva de deputados e senadores da oposição, aqueles que sempre tentam infelicitar a vida nacional, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (foto), foi claro: "...político que fica o tempo todo em redor da rede social, saia da rede social, vá trabalhar. Nada de agressão. As pessoas que acham que agredir ministro do Supremo, pedir impeachment de ministro do Supremo, que nunca houve inclusive na história do Brasil, que isso vai ser solução de problema, não. Dê lugar ao diálogo, dê lugar ao respeito que vai ser muito melhor".

Trocando em miúdos: vão trabalhar, vagabundos!                           

8 de setembro de 2024

Como si fuera...

Sílvio Almeida e Anielle Franco num evento no Planalto. Situação normal que ele interpretou mal. 

É incrível um intelectual brilhante como o ex-ministro Sílvio de Almeida, dono de trabalhos de grande relevância no terreno dos direitos humanos e igualdade racial se envolver como autor num escândalo da magnitude do que foi vivido em Brasília semana última. O estrago para ele é de tal dimensão que seria até uma questão de misericórdia o governo Lula deixá-lo em paz agora para lamber suas feridas e tentar ao menos manter o casamento. A ministra Anielle Franco poderia ter sido poupada de envolvimento no caso, já que foi vítima e, ao que parece, não a única. Assédio sexual como o praticado não pode ter perdão.

Mas esse escândalo não é único de Brasília, ao menos em gênero. Durante o governo de Fernando Collor de Mello a ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello e o da Justiça, Bernardo Cabral, tiveram um tórrido romance classificado pelo presidente da época como "nitroglicerina pura". Na festa de aniversário de 37 anos dela, os dois foram flagrados dançando, rostinhos colados e cantarolando "como se fuera esta noche. La última vez". E foi! Tiveram que se separar e ele até deixou o cargo para "preservar o casamento". Meses depois Zélia, prima do chefe do Executivo, fez o mesmo.

A diferença abissal entre os dois fatos é que no primeiro houve um romance real, consentido! No segundo, o de agora, um tresloucado ex-ministro achou que seria de bom tom colocar as mãos entre as pernas de mulheres sem o consentimento delas. Coisa maluca!

Quem poderia imaginar, antes de tal fato acontecer, que um professor, pesquisador e estudioso de tal envergadura se poria numa situação como essa, arrastando consigo ministra de área vizinha? Ninguém, creio. Nem outra vítima, a esposa do ministro e mãe de um filho de um ano. Sob todos os aspectos que se olhe, esse fato é extremamente lamentável. E difícil de ser explicado, embora o desmentido de Sílvio seja sua tentativa desesperada de sair do caso com danos controlados. Tentativa vã, creio.

Infelizmente isso aconteceu. Triste é vermos que, na calda de cometa desse drama, uma ex-ministra medíocre e que costuma ver Jesus no pé de goiaba tente tirar proveito da situação em beneficio próprio, rasteiro. Pobre Sílvio de Almeida, em que buraco você foi se meter! Talvez por burrice, talvez por não saber controlar seus impulsos, acabou entrando numa caverna escura "como di fuera esta noche. Lá última vez". E também foi, só que muito mais dolorosa. Será marca, cicatriz moral em sua vida pelo resto de seus dias depois de ter traumatizado mulheres que confiavam em você.       

1 de setembro de 2024

A minha, a sua, a nossa democracia

O episódio da suspensão das atividades do "X" no Brasil por iniciativa do Supremo Tribunal Federal vem gerando uma série imensa de comentários de "especialistas" em Direito e em "democracia" que chega a assustar. Não pela qualidade das opiniões, mas sim pela forma rasa e imoral como elas são emitidas, em todos os casos para atacar a decisão tomada pelo ministro Alexandre de Moraes. E tudo em nome da "liberdade de expressão"...

O que se defende? Que o Brasil aceite impassível que um multimilionário megalomaníaco faça o que bem entende, confundindo liberdade de expressão com liberdade de agressão? Que uma empresa estrangeira possa atuar no Brasil à revelia e acima das nossas leis, agindo para desestabilizar o Estado Democrático e de Direito e para permitir que mentiras virem verdades? Que o conceito de "democracia" seja de novo aviltado? Ora bolas...

Esse tal de Musk, um sul-africano naturalizado norte-americano joga um jogo perigoso em nome de seus interesses comerciais enquanto usa politicamente o "X" para favorecer Donald Trump nos Estados Unidos. E o candidato dele não tem o menor apreço pelo jogo democrático. Se pudesse, lançaria de lado vários dos princípios que sustentam o Estado nos EUA. Da mesma forma que ocorre aqui, onde um genocida inelegível bate palmas para ele enquanto sente saudades dos tempos da nossa ditadura militar, quando brasileiros eram presos ilegalmente, torturados e assassinados nos porões de organismos de repressão. Que democracia é essa? Mais ao sul, na Argentina, um idiota de nome Javier Milei recebe o dono do "X" olhando para ele como se tivesse pela frente um super star da música pop.

O pior já veio: a embaixada dos Estados Unidos mostrou-se preocupada com o ataque à liberdade de expressão no Brasil, o que poria em risco nosso regime democrático. Os EUA são o país que promoveu na América do Sul os principais golpes de Estado de um passado recente, promovendo a queda de presidentes legalmente eleitos no Brasil, no Chile, na Argentina e em outros lugares. A gente já se esqueceu disso? Somos débeis?

Não entendo de Direito, muito menos de Direito Constitucional que deve ser interpretado pelos ministros do STF. Mas a vida me ensinou a reconhecer os diversos tipos de patifes e oportunistas presentes na vida brasileira. Eles se travestem de defensores da liberdade sempre que a minha, a sua, a nossa democracia é atacada por forças estranhas a ela em tempos de crise. E argumentos não faltam a eles até porque esse tipo de recurso o indivíduo mal intencionado pode encontrar até nas camas dos prostíbulos de onde emergem.