15 de setembro de 2024

Passagem para a falência


Não conheço a pessoa, a não ser por raros cumprimentos, mas sei que está desesperado. O filho jovem viciou-se em jogos online e gasta tudo com o novo vício. O pai busca saída para a situação, mas é difícil e ele hoje tem que blindar casa, carro e esposa que é mãe do garoto para não permitir que o delírio de jogatina dele envolva toda a família. E essa é a realidade que está sendo de milhares de brasileiros, desde que a jogatina online e com o auxílio dos canais de TV passou a dominar a vida de todos.

Quem tornou legal essa nova febre brasileira foi o ex-presidente Michel Temer, que passou pelo Palácio do Planalto rapidamente. mas em tempo de fazer mal. De lá para a coisa só cresceu. Hoje termos como "Bet" e "Tigrinho", citando apenas dois, povoam o imaginário das pessoas. Na TV uma trupe de ex-jogadores, todos "comentaristas" de futebol vendem as diversas modalidades. Até o Brasileiro está no esquema. Tem de tudo, até alguns tipos nos quais o apostador participa do campeonato apostando. Geralmente para perder dinheiro.

Quando dei meus primeiros e únicos passos nessa área tudo era inocente. Fui um quase fanático pelo "Mário" (olhem o bigodinho na ilustração) e cheguei a ser craque em passar por todos os obstáculos até o fim do caminho. Mas era divertimento e não tinha aposta. O "Tigrinho", segundo quem é expert, pode tirar até a cueca dos apostadores. Isso tudo faz parte de um esquema criminoso que vai desde os influenciadores, na maioria dos casos picaretas que estão ou já estiveram na prisão por crimes diversos até os donos dos esquemas, encastelados no exterior. Eles são os que ganham o dinheiro. Na esmagadora maioria dos casos, os únicos que abocanham boladas.

Os nomes desses jogos de azar aumentam a cada dia. Cresce também o número daqueles que jogam fora o que têm na expectativa falsa de ficarem ricos. São incentivados em grande parte pelos nomes famosos dos vendedores de ilusão como o locutor Galvão Bueno, parte dos esquema e que termina sua participação com uma declaração que beira o cinismo: "Jogue com responsabilidade".

Isso tudo dá muito dinheiro. Tanto que as redes de TV brasileiras querem uma fatia do bolo e já driblam o espírito da lei para entrar em campo. Vamos nos lembrar que nos Estados Unidos, pátria maior da jogatina, foi a máfia que ela enriqueceu em primeiro lugar, e enriquece até hoje. Lá o jogo de cassinos tem regras duras, mas como os criminosos ainda o apoiam isso quer dizer que continua sendo muito bom. Provoca vício, miséria e mortes. Aqui no Brasil, onde as regras ou são muito frouxas ou não existem, o risco é inda mais agudo. Por enquanto os políticos ainda não entraram de cabeça no esquema. Quando e se isso acontecer, estaremos no mato sem cachorro.

Ainda vamos ver e noticiar muitos dramas provenientes dos "inocentes" jogos online, nossa mais recente passagem para a falência. Como não quero ser parte de nada disso, registro: "Tô fora!"                  

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