27 de setembro de 2010

Meu Congresso pocotó (1)


Várias reportagens têm sido escritas sobre as eleições brasileiras de domingo, 03 de outubro, e muitas delas dizem respeito às figuras bizarras que concorrem e devem ser eleitas, inclusive com farta votação. É o caso, por exemplo, do palhaço Tiririca, que deve alcançar qualquer coisa próxima de 1 milhão de votos para deputado federal em São Paulo. Isso quando há indícios fortes de que ele é analfabeto, o que a lei proíbe a quem deseja concorrer a cargo eletivo.
Tiririca tem dois bordões: no primeiro ele pede para votarem nele porque pior não fica. No segundo, afirma não saber o que faz um deputado federal, mas promete contar quando chegar a Brasília. Seu filho Éverson repete um bordão que tem muito de verdade: "Vote no deputado vestido de palhaço, muito melhor do que esses palhaços vestidos de deputado".
Tiririca é como a música Eguinha Pocotó: um produto gaiato feito para o Brasil gaiato, para se aproveitar da desinformação e eleger deputado à custa não do voto de protesto, mas da identificação com o eleitor de baixa ou nenhuma escolaridade com alguém que é a imagem dele e de sua falta de valores. Como é o caso de Tiririca.
A revista Época número 645 foi às bancas com o resultado de uma elucidativa pesquisa do Ibope:
1º - grande parcela da população brasileira acha que é dever do parlamentar realizar obras para a população;
2º - também seria seu dever ajudar os aliados de campanha em negócios com o Governo;
3º - e, finalmente, auxiliar seus eleitores a conseguir empregos e promover eventos sociais e de lazer para a população.
É dessa desinformação que nascem não apenas os Tiririca da vida, mas cresce também de forma desenfreada a corrupção no Brasil. Nas crenças dos eleitores estão contidos os principais vícios da política brasileira, que vão desde a danosa prática das emendas individuais, passando pelo tráfico de influência que favorece apaniguados, indo até o empreguismo que usa dinheiro público para favorecer aliados ou cabos eleitorais e até o uso de verba pública até para pagamento de festas juninas etc. Isso sem falar de outros, ainda mais graves.
A pesquisa Época/Ibope mostra nosso Brasil Triririca. Nosso congresso Pocotó, - vejam que simpática a imagem dele acima - saído da música brega criada para repetir quase sem parar o refrão mais pobre que existe. Mas que faz sucesso. Explicavelmente.

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