5 de novembro de 2010

O cadáver insepulto


Não foi preciso muito tempo, como era previsto. Para falar a verdade, não foi preciso quase nada: nem bem a ex-ministra Dilma Rousseff se elegeu e a CPMF, um cadáver insepulto do governo Lula, começou a tomar forma novamente. E, como não poderia deixar de ser, convenientemente por mãos de terceiros, no caso os novos governadores eleitos pelo PSB.
O imposto, que agora corre o risco de se chamar CSS - o que, no fundo, dá no mesmo - é a solução encontrada para os males da saúde pública brasileira. No país onde grande parte dos cidadãos tem que pagar planos de saúde para não morrer em filas do SUS, agora eles vão acrescentar a esse custo o desconto nos cheques. Claro, porque a solução seria diminuir o Custo Brasil. A mastodôntica conta a pagar pelo empreguismo e pelo clientelismo. Mas como fazer isso se a 'companheirada' cresce mais a cada dia? Hoje, aos antigos aliados somam-se os novos, parceiros da eleição de Dilma. E para cada um deles e seus apaniguados há de haver um cargo público. Todos têm vocação para cargo comissionado!
A presidente (ela prefere presidenta) eleita, que discursou chorando e prometendo ética, vai iniciar o mandato colocando em prática a vingança de seu criador: Lula, que jamais se conformou com a extinção do imposto do cheque, agora quer vê-lo ressuscitado pelas mãos de sua criatura. E, convenientemente, por ações de terceiros para preservá-la antes da posse.
Com tudo isso, há a hipótese de o novo governo ser empossado já em meio a grande crise. O orçamento da saúde cresce a cada ano - de modo que o problema não é falta de dinheiro - mas a qualidade dos serviços, não. Ressuscitar a CPMF significará enfrentar a parcela da população brasileira que dá estabilidade ou desestabiliza governos. Na hora da eleição, todos temos o mesmo tamanho pois o voto vale um. Passadas as eleições, não. Depois das urnas fechadas, há cidadãos que geram crise e os que não têm influência alguma. E isso não está sendo visto.
Uma coisa é certa: haverá muita luta política e nas ruas, ainda que o governo detenha a maioria num Congresso que se curva aos demais poderes. O Custo Brasil, este só vai cair no dia em que os brasileiros chegarem à conclusão de que o Estado, em qualquer lugar do mundo, existe para servir o cidadão e não para se servir dele com metáforas e sofismas. Em termos mais simples, mentiras sofisticadas.
E você que votou na Dilma, está começando a ficar satisfeito?

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