1 de novembro de 2010

A interrogação


Não se discute a vontade das urnas. No dia em que Dilma Rousseff foi eleita presidente do Brasil, eram incontáveis os veículos que trafegavam com adesivos seus. Ao contrário do que se julgava em primeira impressão, não foram somente os pobres que escolheram a "criação" do presidente Lula para votar. Uma enorme parcela da classe média também ajudou em sua eleição.
O Brasil, em verdade, elegeu a escolhida de Lula e não a Dilma. A eleita do presidente que, para tornar sua preferida conhecida nacionalmente, agrediu a ética, atropelou as leis, desconheceu a Constituição e navegou nas águas da falta de compostura como nunca antes houve na história deste País, saiu do pleito coroada. Se a coroa é de louros ou de espinhos, veremos. Mas a eleição não teve incidentes maiores, foi honesta e o mandato pertence à eleita. Temos, portanto, diante de nós não apenas a continuação de Lula, a primeira mulher Presidente da República, mas também a maior interrogação de nossa República. Afinal, ela jamais havia sido eleita para cargo algum.
Dilma será um boneco-de-ventríloquo?
O passe-livre (já que o Presidente adora citar futebol) para outros mensalões?
A ampliação da partidarização e instrumentalização do Estado?
O crescimento desordenado do déficit público?
A continuação do enriquecimento dos parentes e amigos dos detentores do poder?
A sequencia do uso do hábito da mentira para conquistar apoios?
Ou uma surpresa agradável que todos os brasileiros merecem vivenciar?
A resposta depende dela. Em seu discurso da vitória, prometeu ética, honestidade e outras coisas mais, como a defesa do Estado Laico com liberdade religiosa e a enorme tarefa de eliminar a miséria do Brasil e ampliar o SUS. Vai precisar de todas as forças para chegar a isso, se é essa mesmo sua vontade. No país que vai governar, os miseráveis existem em número muito maior do que mostram os dados oficiais. E a falta de perspectivas, de futuro, de horizonte, geram a maior parte da violência a que os brasileiros assistem todos os dias.
Dilma prometeu, por último, ser fiel ao presidente que a entronizou e elegeu. E disse mais: "Vou bater à porta do presidente Lula sempre que for preciso."
Essa é a única preocupação que ela não necessita ter, apesar de o presidente se dizer em fim de carreira. Sem cerimônia alguma, como é sua marca, ele é quem vai bater à porta dela todos os dias, de 1º de janeiro em diante.

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