7 de novembro de 2012

O horário político da TV

O poder, tomado por si só, não corrompe. Os que acreditam assim, ou querem se corromper ou então usarão facilidades legais para fazer conchavos, acordos que normalmente os homens de bem não fazem. E tudo isso com um único objetivo: chegar ao poder. Seja ele legislativo ou executivo, municipal, estadual ou federal. Isso pouco importa.
As últimas eleições municipais brasileiras deixaram mais uma vez à mostra uma aberração que permite os acordos mais espúrios possíveis e imagináveis: o tempo de TV na propaganda eleitoral gratuita - ou seria melhor obrigatória? Em busca de um tempo de exposição que é importante e pode ser a distância entre vitória e derrota, os candidatos a cargos majoritários fazem qualquer coisa. Até mesmo negociar alianças com políticos reconhecidamente corruptos, de partidos políticos de aluguel, para conseguir mais um minuto de exposição diante do público eleitor.
O desgaste do político brasileiro é evidente. Tomando-se somente Vitória, a Capital do Espírito Santo como exemplo, aqui, em números redondos, o candidato eleito prefeito teve cerca de 98 mil votos. O segundo colocado, 88 mil. E nada menos que 67 mil pessoas ou anularam os seus ou não votaram em ninguém. E o pior é que esse fato extremamente grave passou quase desapercebido.
O horário gratuito de rádio e TV é importante. Permite ao eleitor conhecer candidatos a fundo, em condições que seriam inimagináveis caso cada um deles tivesse que pagar por comerciais. O que mata são os conchavos. O tempo de TV e rádio deveria ser calculado apenas e tão somente de acordo com o peso político do partido do candidato a prefeito, governador ou presidente. E de forma a que cada um tivesse de 15 a 20 por cento do tempo total no mínimo. E partido que não tem representação no Congresso também deveria usar TV e rádio para propaganda gratuita. Isso acabaria com os acordos espúrios e com a existência de partidos sem razão para existir.
Acabaria com salvadores da Pátria e também com aqueles que imaginam governar numa democracia sem a estrutura dos partidos políticos, pois eles são a base dessa mesma democracia. Porque, paralelamente a todos os problemas que já temos, se um chefe de Executivo eleito tem a coragem - ou insensatez - de vir a público dizer que vai governar sem seu partido, ou ele é um novo tipo de demagogo dos mais baratos ou tem uma miopia política que só a decepção do eleitor poderá comprovar. 
Difícil fazer uma reforminha como essa sugerida para o horário gratuito? Claro que não. Basta o Congresso ter com essa questão a mesma disposição que têm seus membros quando se trata de decidir normas e textos legais em benefício próprio.             

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