9 de junho de 2014

As gralhas já disputam o butim

Não faz muito tempo as autoridades olímpicas internacionais ameaçaram retirar as Olimpíadas de 2016 do Rio de Janeiro. A gritaria foi geral. Do alto de sua falta de autoridade moral e esportiva, Carlos Arthur Nuzman disse que isso era uma absurdo e que o Rio entregará todas as instalações exigidas pelo COI prontas a tempo e a hora. Não vai entregar, como podemos ver na foto. E muito dinheiro público ainda há por ser roubado nos contratos emergenciais a serem assinados daqui para a frente no afã de que obras sejam tocadas. Em muitos casos de grande porte e paradas ou não iniciadas faz anos.
Acontece com a Rio-2016 o mesmo que acontece com a Copa de 2014. Há todo um grande esquema de assalto aos cofres públicos já montado. E ele se beneficia não apenas da leniência das autoridades, mas também de sua conivência. Os esquemas são os mesmos, os participantes se repetem e os contratos, de emergência ou não, são feitos sempre para favorecer as quadrilhas.
Por que eles não mudam? Porque todo mudo rouba. Notem apenas uma coisa: as grandes empreiteiras de obras públicas se repetem nos projetos. Os custos são sempre revistos ao longo das etapas de obras porque são apresentados abaixo do valor real para permitir que "A" assuma uma licitação combinada para "B" ficar com a seguinte. Então, na etapa seguinte vai ser preciso elevar os valores não apenas para obter lucros, mas também para superfaturar. É daí que saem os valores das propinas e das campanhas políticas de praticamente todos os senhores deputados e senadores.
O programa Fantástico de ontem (08/06) falou sobre isso. Esse esquema é amplamente executado. Mas somente 10 ou 15 por cento da população sabe ou sabia de que forma ele funciona. Como uma campanha para deputado federal custa algo em torno de R$ 5 milhões, de onde tirar esse dinheiro? De "patrocinadores" de campanha ou agiotas. E como o termo "doação" não passa de figura de linguagem, será preciso pagar as contas retirando esse montante e seu lucro de alguém. Ele é retirado de todos nós que pagamos impostos para sustentar a roubalheira geral. Ou o leitor acredita que um homem honesto gastaria R$ 5 milhões de dinheiro de terceiros para ter um mandado de deputado?
Aguardem os contratos emergenciais da Rio-2016. Haverá um rio - sem trocadilho - a se ganhar nesse poço sem fundo. E as gralhas já estão dividindo o butim. Todas as licitações serão cartas marcadas. O o que for ganho desse bolo por empresas de pouca expressão terá obras abandonadas no curso dos trabalhos. Faz parte do esquema. Essas obras paradas representarão lucros ainda maiores.
Joana Teixeira Havelange, filha de Ricardo Teixeira e neta de João Havelange disse recentemente que agora não adianta mais protestar contra a Copa porque o que havia para ser roubado já o foi. Ela entende disso. Conhece todos os esquemas porque participou deles. Se o brasileiro quer praticar um ato de patriotismo, inicie uma campanha para que as Olimpíadas de 2016 sejam disputadas em Londres, para onde o COI já ameaçou levá-las. Na Rio-2016 ainda há dinheiro por ser salvo.
Só me fica uma dúvida: o COI realmente retiraria os Jogos Olímpicos daqui ou, a exemplo da multimilionária FIFA, também faz parte do esquema? Vamos esperar e conferir.           

Nenhum comentário: