29 de março de 2022

Não há mais governo nessa corrupção


Um mantra do atual presidente da República é dizer que não há corrupção em seu governo. Mas toda semana explode um escândalo de grande porte. O último fez com que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, fosse defenestrado. Ele já era o quarto ocupante da pasta somente durante os últimos três anos e pouco. Por mais que lute contra isso, por mais que tente fazer a opinião pública negar o óbvio, a cada dia Bolsonaro se envolve em outros atos espúrios que ele mesmo patrocina e tenta repassar a terceiros.

Dois ministérios de importância vital para o Brasil vivem de escândalo em escândalo desde a posse do capitão quase expulso do Exército: Saúde e Educação se tornaram feudos da pequenez intelectual de Bolsonaro em sua ascensão ao poder. E isso porque ele quer de todas as formas dar às duas pastas a "sua cara", como costuma dizer. E essa cara é fascista, revisionista, limitada e presa a preconceitos que vão do ódio que sente contra todos os pensamentos de esquerda ao alinhamento incondicional a seitas neopentecostais picaretas. E elas não são poucas. Proliferam porque não têm predadores...

Milton Ribeiro é o mais recente exemplar dessa fauna estranha. Todos sabemos que as ordens sempre vieram da presidência da República. Ou os ministros obedecem cegamente ao presidente ou são demitidos. Até mesmo Sérgio Moro, o ex-juiz que se aliou a esse governo depois de ter sido artífice da Operação Lava Jato, esquema de perseguição política implacável (não estou dizendo que os acusados e condenados eram inocentes) e que influiu decisivamente nas eleições de 2018, acabou sendo vítima do grupo que ajudou a colocar no poder de Brasília. Teve os olhos arrancados pelos corvos que criou...

Jair Messias Bolsonaro sacrificou seu último ministro para tentar sair do foco das investigações. Demitiu o presidente da Petrobrás para criar uma cortina de fumaça. Mas até as paredes do Palácio do Planalto sabem que a família presidencial comanda a corrupção do governo desde a época das rachadinhas e outros crimes e que o gado, os fascistas emergidos com o atual grupo político, ditam as regras desde o primeiro dia de mandato de seu ídolo. Agora, com ajuda decisiva do Centrão.

Como virou piada depois do desgaste do "Não há corrupção no meu governo", o brasileiro agora diz que "Não há mais governo nessa corrupção". E isso é certo!      

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