11 de outubro de 2023

"A banalidade do mal"


"...a maldade não se dá por causa da natureza de caráter ou de personalidade, mas sim pela incapacidade de julgar e conhecer as situações, os fatos, as estruturas e o contexto" (Hanna Arendt).

É difícil dizer como e quando vai terminar o atual conflito entre israelenses e palestinos no Oriente Médio. Talvez quando mais uma carrada de inocentes estiverem mortos sob o solo de Israel ou do que ainda resta da Palestina, sobretudo na Faixa de Gaza. E talvez nesse dia seja o caso de o Tribunal Internacional de Crimes de Guerra em Haia, nos Países Baixos, decretar a prisão de Benjamin Netanyahu, primeiro ministro de Israel. Sim, porque até lá os principais líderes do Hammas, uma organização radical, estarão mortos.

Quando Yitzhak Rabin foi assassinado com dois tiros dados pelas costas na Jerusalém de novembro de 1995 faltavam apenas duas assinaturas - a dele e a de Yasser Arafat - para ser assinado um tratado de paz entre Israel e a Palestina com a criação do Estado Palestino e o reconhecimento de Israel por parte deste. Tudo havia sido costurado com o então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, e com a presença dos dois chefes de governo. Mas quem matou Rabin? Foi um palestino inconformado e membro de organização criminosa? Não. Foi um terrorista judeu que não queria a paz e o reconhecimento do novo Estado. E ele teve êxito porque tudo naufragou enquanto Yitzhak era baixado à sepultura.

Hanna Arendt, genial filósofa alemã que escreveu muitos livros ainda hoje referências para quem deseja conhecer a alma humana, gerou "A banalidade do mal" após acompanhar o julgamento em Jerusalém do maior criminoso de guerra alemão capturado, isso em 1961. Fez "O julgamento de Eichmann" em seguida a esse júri. Ela não atribuía o mal aos nazistas, mas sim a burocratas zelosos incapazes de pensar por si. Como os de hoje...

Eles existem em todos os lugares. Basta procurar e a gente os encontra fantasiados de Netanyahu, por exemplo. Penso que na tragédia do Oriente Médio existem componentes extras como os 75 anos de destruição sistemática dos lares e da nacionalidade palestina desenvolvida por Israel. Arendt considerava Eichmann um novo tipo de criminoso, um hostil e que se desenvolveria ainda mais em outras pessoas. Para ela, "moralmente falando, não é menos errado sentir culpa sem ter feito alguma coisa específica do que sentir-se livre de culpa tendo feito efetivamente alguma coisa".

A judia Arendt, que morreu do coração enquanto se reunia com amigos, foi criticada em Israel e xingada de todos os nomes por aqueles que não entenderam - ou não quiseram entender - seus princípios. Fica dela nesses tempos sombrios seu pensamento mais famoso em "Origens do Totalitarismo": "A essência dos Direitos Humanos é o direito a ter direitos".

Nós vivemos novos tempos de banalidade do mal!

Um comentário:

Anônimo disse...

Infelizmente! Horrores que se vê e não dá para entender a razão maior das barbaridades que se vê.
Os direitos humanos…
A vida de inocentes?
Mentes doentes olham e acham normal!
Tem razão!
Todos matam e ninguém tem razão.