8 de fevereiro de 2024

Até quando?


"Quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra"

As catilinárias, cuja expressão principal roubo acima, são uma série de quatro discursos do cônsul romano Marco Túlio Cícero (ilustração), feitos em 63 a.C. Ele denunciava a conspiração que fazia o senador Lucio Sérvio Catilina para tentar tomar o poder romano. E prosseguia num texto que agora para mim trago do latim para o português: "Não vês que tua conspiração foi dominada pelos que a conhecem?"

Nos dias de hoje essa expressão na qual Cícero pergunta até quando Catilina, um político falido mas que não queria deixar o poder vai abusar na paciência alheia, foi em diversas ocasiões transferida para o nome do genocida inelegível que desfila em carros de trio elétrico pela orla da Baixada Santista discursando pobre e livremente aos seus correligionários. Ele quer retornar ao poder de qualquer forma e faz isso ao abrigo de uma central de construção de narrativas falsas e que pretende levar uma parcela da população brasileira a acreditar que estamos diante de uma quase revolta popular.

Fazem uma espécie de samba de uma nota só, mas bem pobre em conteúdo. Vira e volta passo os olhos por endereço de redes sociais nas quais essa gente pontifica. E eles distribuem textos idênticos. Essa espécie de central, que já foi chamada de gabinete do ódio produz o 'conteúdo' que o gado divulga. Tudo igual, sem sentido. Bem diferente do que faço e do que fazem milhares de outras pessoas quando estas escrevem sobre política brasileira denunciando o golpismo explícito do exército de criminosos das redes sociais.

Agora mesmo eles, o gado destronado, distribuem uma 'denúncia': milhões de brasileiros inconformados com os desmandos do Judiciário, Legislativo e grande parte do Executivo se preparam para invadir a Avenida Paulista e outras grandes artérias brasileiras para derrubar essa ala podre da vida nacional e instalar um governo que os represente. Seria engraçado se não fosse ridículo. Mas o discurso se sustenta em parte ancorado na nada desprezível parcela golpista das Forças Armadas que sonha com novo golpe de Estado apoiada pela extrema direita despida de ideias e armada de ódios.

É triste. E mais triste ainda é ver como o genocida inelegível se movimenta livremente pelo Brasil e fora dele pregando atos inconstitucionais sem ser detido. Falando todas as asneiras possíveis sem que o braço da lei o impeça. E assim "ri-se a orquestra irônica, estridente,..E da ronda fantástica a serpente faz doudas espirais..." (obrigado, Castro Alves).

E eu, da minha incompreensão para com essa imobilidade que alimenta o golpismo desenfreado dos loucos pelo poder, apenas pergunto: "Até quando?" 

     

2 comentários:

Anônimo disse...

Parece até mentira!
Este povo, semi-alfabetizado, t

Anônimo disse...

Foi aí que aquele que se achava o todo poderoso se enroscou:
“Não vês que tua conspiração foi dominada pelos que a conhecem?"
Excelente seu depoimento. Tão certo e claro que até dispensa comentários.