22 de fevereiro de 2024

Diplomata de botequim


A diplomacia é um terreno sutil e difícil de ser trilhado com perfeição. Por isso exige tanto preparo. No Brasil, ingressar no Instituto Rio Branco e se tornar diplomata é sonho de muita gente e realização de poucas. Quem consegue se dedica de corpo e alma a essa atividade necessária ao bom relacionamento entre nações. Por isso jamais concordei com um costume que vez ou outra o Brasil trilha e que é o de dar cargos de diplomacia como presente a políticos, sobretudo ao final de mandatos. Isso pode prostituir a atividade porque vai colocar leigos oportunistas como chefes de missões.

Não é raro governantes meterem os pés pelas mãos e cometerem impropriedades nos momentos mais delicados do relacionamento entre nações. Como aconteceu exatamente agora, quando o presidente dos Estados Unidos usou um "son of a bitch" para se referir ao presidente russo Vladimir Putin. Talvez ele realmente possa ser assim considerado por seus detratores, mas um chefe de estado de nação que mantém relações diplomáticas com os russos deveria se abster de falar. Mas, enfim, falou.

Muitos estão criticando Lula por ter, numa entrevista, dito que "Hitler matou judeus" na Segunda Guerra Mundial no episódio do holocausto. E é verdade. Não era uma declaração oficial, nem ele estava falando para nações em uma assembleia geral, mas foi tocado um ponto delicado da história recente da humanidade. Lula não é diplomata e o Itamarati tem meios e modos de corrigir esse tipo de gafe por intermédio de seus profissionais.

O assustador é todos vermos o chanceler de Israel, homem que deveria estar em sintonia com os hábitos e linguajares de sua atividade, descer a nível rasteiro em rede social para atacar o presidente brasileiro como numa discussão de botequim. E ainda mais levando para o centro do debate uma brasileira que havia sido sequestrada e resgatada do Hamas (foto). Mais do que isso, esse chanceler Israel Katz mentiu o tempo todo, distorcendo a fala do brasileiro e tentando capitalizar o episódio para deslocar o foco da crise que seu país enfrenta num momento em que  autoridade do primeiro ministro é questionada internamente. Ainda humilhou o diplomata brasileiro falando em uma língua não dominada por ele e portando um microfone de lapela para gravar a fala do "oponente".  

Israel já tem um chefe militar em cargo de ministro que se refere aos palestinos como "animais", uma ministra de pasta ligada a colonização de terras estrangeiras roubadas ilegalmente capaz de dizer que o palestino não é um povo, e agora uma outra que fala: "Estou orgulhosa das ruínas de Gaza. os bebês palestinos lembrarão de nós". Todos são do Likud, o partido da extrema direita israelense. Todos são tão nazistas como foram os da Alemanha entre 1933 e 1945 quando houve a derrocada do nazifascismo.

Qual é a diferença entre o episódio da Segunda Guerra Mundial e o massacre dos palestinos agora? Talvez somente uma questão de escala. A extrema direita precisa de inimigos para sobreviver. Não sabe fazer nada sem eles. Hitler uniu grande parcela do povo alemão no ódio aos judeus. Bons alunos. os nazifascistas de Israel usam a receita para exterminar os palestinos, seus inimigos. Todos, sem exceção alguma. só sabem odiar e destruir.  

2 comentários:

Anônimo disse...

Você descreve bem esta questão que é de diplomacia e de extrema complexidade. Cada um usa a interpretação que lhe convém para justificar o injustificável. Lula “deu mole” falando demais em hora errada. Bela hora de ficar calado.

Anônimo disse...

Reflexão atual e pertinente. Um tema delicado tratado com argumentos fortes e filmes.