27 de junho de 2024

O hábito do cachimbo


Quando um general boliviano, golpista e canalha, tentou derrubar o presidente de seu país ontem num movimento que não deu certo, várias vivandeiras brasileiras correram a comemorar o fato de uma democracia constitucional estar sendo agredida, golpeada. E são sempre os mesmos! O primeiro a se manifestar foi o deputado federal Ricardo Salles (imagem acima), aquele que foi gravado falando para o genocida inelegível em passar a boiada, isso numa reunião ministerial do desgoverno passado. Depois veio o restante do rebotalho, gente como Bia Kicis, Carla Zambeli e outr(a)os menos votad(a)os.

Vamos esclarecer uma coisa de uma vez por todas: pregar, defender ou participar de golpe de Estado, seja aqui ou no exterior, é crime previsto pela Constituição do Brasil. Dispõe o artigo 359- M: "Tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos, além da pena correspondente à violência". No caso presente os canalhas patrícios estavam pedindo essa situação na Bolívia, um país com passado de golpes e aquarteladas e que tenta sobreviver há alguns anos apoiado em sua constituição. Hoje, com sucesso.

Já ontem, pouco antes de começar a ser noticiado o fato ocorrido naquele país sul-americano, estava eu comendo alguma coisa em um bar/restaurante perto de casa e quatro homens em uma das mesas vizinhas criticavam o presidente da nossa República por ele ainda estar no poder. Um deles, com a concordância dos demais, disse que isso só acontecia porque "eles" compraram o STF e as Forças Armadas. Não perdi meu tempo para perguntar quem eram "eles", mas assusta o fato de que pessoas possam conspirar em público, abertamente, como se isso não fosse crime, mas mera liberdade de expressão. E como se o presidente atual, da mesma forma que anteriores, não tenha sido eleito ao amparo das leis e da Constituição Cidadã.

Desgosta profundamente ver o Brasil reduzido a isso, mesmo apenas em parte. Essa parcela da população, reacionária ao extremo e apoiadora de uma extrema direita que não conhece ciência política, emergiu do esgoto do país com o advento do bolsonarismo, vive de lembranças dele e dificilmente deixará de tentar protagonizar absurdos como o que vivemos no dia 08 de janeiro de 2023. Olhem bem para as fotos de Ricardo Salles e sua quadrilha e constarem que eles todos têm a boca torta. Com algum esforço vocês vão ver. Esse é o fruto do hábito do cachimbo...

Em tempo: chamar uma pessoa de melancia significa dizer que ela é verde por fora (como militares) e vermelha por dentro (do gênero comunista).  E melancia em espanhol é sandía.                  

23 de junho de 2024

A última das guerras


Quanto mais se fala em guerra, sobretudo em Terceira Guerra Mundial, aquela que seria a última delas, mais me vem à mente a imagem do cogumelo atômico sobre Hiroshima (esse da montagem fotográfica) e Nagasaki ao final da Segunda Guerra. Quem ainda não leu sobre isso, faça o favor. Ainda mais porque os senhores da guerra, que em 1914 se encastelavam no Império Austro-Húngaro e em 1939 no nazismo alemão, hoje estão nos Estados Unidos. Sim, lá mesmo, naquele império dominador e de onde o assunto da defesa das democracias e da segurança nacional nos chega todos os dias via (falsas)mensagens de defesa da liberdade. Serei claro.

Na Idade Média as guerras eram feitas sobretudo e principalmente com o uso de arcos e flechas. Durante a Guerra dos Cem Anos, na Batalha de Azincourt em 1415, os ingleses devastaram as tropas francesas com o uso do arco inglês ou gaulês, maravilha tecnológica daqueles tempos. Feitos geralmente com teixo, tinham o tamanho de um homem adulto e eram capazes de fazer as flechas penetrarem as armaduras de metal e matarem soldados inimigos à distância. Os franceses, desesperados, cortavam os dedos indicador e médio dos inimigos para eles não poderem atirar mais. Os ingleses, reagindo a essas mutilações, mostravam esses dois dedos aos inimigos formando o "V" de vitória, antes de atirarem.

Naquela época os guerreiros eram homens fortes, adestrados para o uso das armas de então e geralmente formavam os exércitos a partir das camadas mais baixas da sociedade, podendo ser até analfabetos. Hoje, não. Nos dias atuais os que vão manobrar os aviões modernos de combate, bem como bases de mísseis e outras armas são profissionais altamente capacitados, com anos de estudos e formação acadêmico militar. Geralmente, o melhor das juventudes de seus países e mandados para morrer nas guerras. Buchas de canhão modernas. 

Pensem nisso: uma Terceira Guerra Mundial vai matar nossos filhos e netos!

Quem escala a crise no mundo são aqueles que têm interesse nessa guerra, embora com o discurso sempre surrado de defesa dos "valores ocidentais". Hoje a pressão é exercida sobre a Rússia por causa da agressão à Ucrânia - só isso vale uma boa crônica -, contra a Palestina para a "defesa" de Israel, mas o que existe por trás da cortina de fumaça é a decisão dos Estados Unidos de não permitir um maior crescimento econômico e militar à China, que fica de longe vendo os demais gastarem munição enquanto faz avançar sua economia e seu poder bélico para a eventualidade de um confronto.

E quem alimenta esse sonho que usa a ONU como alvo de ataques políticos frequentes e a OTAN como base de poder bélico? Sobretudo os chamados chefes de Estado de extrema direita como na Hungria, Itália, Argentina, Israel, além de outros e aqueles que navegam em torno do poder de seus países com o objetivo de tomá-lo, e não para a defesa da liberdade, mas sim para acabar com ela como já foi feito em épocas passadas no mundo. Basta uma leve consulta à história e os projetos da extrema direita política surgirão claros a todos.

Uma Terceira Guerra Mundial vai expor como alvo a ser atingido o território continental dos Estados Unidos e esse é um motivo forte para eles relutarem em tomar a iniciativa. A guerra vai provavelmente não ter vencedores e pode ser que extermine a vida humana e da maioria esmagadora dos animais sobre a face da terra. Quando houve todos os conflitos anteriores esse cardápio não estava sobre à mesa dos senhores da guerra e nem daqueles que eles conseguem catequisar com seus discursos, como ocorre hoje no Brasil, com milhões de inocentes uteis e inúteis seguindo uma cantilena maluca que envolve até mesmo crenças religiosas medievais e distorcidas da realidade.

Pensem nisso: o mundo belicista que vocês defendem pode ser o da última das guerras. E vai matar seus filhos e netos, estejam eles onde estiverem. Não é mais prático pregar - sinceramente - a paz?                          

21 de junho de 2024

O grotesco invade o Congresso


A imagem acima, foto de "Metrópoles", foi usada  como capa da revista "IstoÉ" desta semana e com uma corte que a tornou vertical. Ela é a representação do que há de mais grotesco no atual Congresso Nacional, o pior da história brasileira. Eu pelo menos nunca pensei que um dia poderia chegar a ver coisa como essa. E a iniciativa de levar a "atriz" Nyedja Gennari ao Senado da República para representar um feto gritando partiu do senador Eduardo Girão, o mesmo que tentou falar com Erlon Musk em inglês de Odorico Paraguaçu para pedir ajuda contra a atual "ditadura" no Brasil. Chegamos realmente ao fundo do poço!

Nos mesmos dias em que esse espetáculo dantesco foi mostrado aos senadores para que muitos deles o gravassem em suas redes sociais, um senador e um deputado federal quase se agrediram durante uma sessão da CCJ do Senado, um chamando o outro de "traidor" porque ele não era tão bolsonarista quanto deveria ser. Esse episódio acabou se prolongando e replicando no Aeroporto de Vitória onde Marcos do Val e Gilvan da Federal, duas figuras execráveis continuaram a trocar insultos e empurrões para desespero de passageiros que aguardavam seus voos sem imaginar que seriam testemunhas de tamanho descalabro.

E não é tudo. Em um município do interior de Minas Gerais, Conselheiro Lafayette, o livro "O menino Marrom", de Ziraldo, foi retirado das escolas porque mães e pais ignorantes acharam que o linguajar da excelente obra de Ziraldo poderia interferir na criação de seus rebentos. Será que eles já leram "O menino maluquinho"? Caso tenham lido, essa obra também vai correr risco. Aliás, no Brasil até autores como Monteiro Lobato foram alvos de tentativas de censura por parte de reacionários que, na cauda de cometa de um fenômeno imbecilizatório conhecido como bolsonarismo, querem um Brasil à imagem deles.

Como sempre digo, resta lutar! A história nos é mostrada em ondas e o pior delas geralmente termina onde deve sempre ficar depois de algum tempo: no lixo dessa mesma história. Mas antes costuma fazer muito mal às pessoas, sobretudo àquelas que embarcam em seus ensinamentos de fundo de quintal, pregando o ódio. No Brasil de hoje, esse fenômeno despertou o que há de pior em cada um dos brasileiros que se julgam conservadores e, como consequência, vemos todos os dias amizades longas sendo encerradas, pessoas se agredindo e até mesmo famílias acabando separadas para nada. Apenas pela ignorância e desonestidade difundidas por todos os meios.

Ziraldo, coitado, morreu sem imaginar que sua obra colossal começaria a ser questionada pela burrice generalizada da nação. Irônico ele não ter vivido para ver isso! E também para não continuar vendo, como estamos nós, bandeiras da Idade Média serem desfraldadas pelo setor da sociedade que pretende impor a todos os demais suas crenças, seus princípios - ou a falta destes - e vontades. Esses são aqueles que lutam por "liberdade" em nome de um sociopata genocida e inelegível que jamais acreditou em nada disso, amante que foi, é e será sempre de torturadores, ditadores nazifascistas e da Ditadura Militar assassina que durante 21 anos infelicitou o Brasil, entre 1964 e 1985.

Eles vão perder mais uma vez!                       

19 de junho de 2024

Jogar com a cabeça


Se eu mesmo coloco o laço da corda no pescoço, não posso reclamar se alguém abre o alçapão da forca depois disso.

O presidente da República ficou espantado com os R$ 646 bilhões de renúncia fiscal hoje no Brasil. São números consolidados e referentes a não recolhimentos tributários, de benefícios financeiros e creditícios. Isso foi mostrado pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, na reunião que teve também a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Susto? Talvez, mas Lula deve entender que uma parcela é dele. Os anteriores também fizeram renúncias, mas o atual presidente fica com parte da culpa pelo conjunto da obra. E esse dinheiro faz, sim, falta aos projetos de governo, sobretudo com saúde e educação.

Recentemente, desgostoso com uma Medida Provisória do governo, o chefão da CNA declarou que não quer conversa com o presidente. A ação de seu setor foi recorrer à Justiça e acionar sua gente no Congresso Nacional. Só para informar, dos 594 políticos que nos representam em Brasília atualmente, 273 são empresários e 160, fazendeiros. Eles vivem a época do orçamento secreto, do pagamento obrigatório de emendas parlamentares, da formação de blocos congressistas que estão acima dos partidos políticos, atualmente meras reuniões de letras. E isso numa época em que o governo não tem maioria no Parlamento e elegemos o pior deles em toda a nossa história. É tenebroso.

Sim, todos nós temos culpa. O voto é secreto, a esmagadora maioria da população não é formada pelo empresariado urbano ou rural e mesmo assim o Congresso é esse. Responsabilidade aqui da ignorância geral da nação, levada sempre a votar contra seus próprios interesses seduzida pelos canto das sereias. Os poderosos sabem se unir em torno da defesa de objetivos e não renunciam a eles. Além disso, jamais abrem mão de privilégios obtidos e o "agro", que vive à custa de dinheiro público, não se envergonha disso. Quer mais e mais. Sua publicidade diária que martela na cabeça do cidadão mostra isso.

O atual presidente representa uma parcela da sociedade que talvez seja a mais desunida de todas. Prova disso é o fato de haver no PT, seu partido, correntes antagônicas e que mostram esse antagonismo diariamente, até em reuniões ministeriais. Não entram em acordo nem ao menos para decidir sobre corte de despesas, hoje um imperativo. Então para que o presidente da CNA vai querer conversa? Pobres nunca foram preocupação sua porque o "agro" usa o meu, seu, nosso dinheiro principalmente para exportar. Nenhuma dessas pessoas se ruboriza com isso e todos sonham com a volta do ex-presidente genocida e inelegível ou então alguém que o represente. Aliados são sempre bem vindos!

Mas há saídas porque sempre houve. Para evitar novos sustos como o dessa reunião ministerial, Lula tem que agir somente depois de ouvir muita gente e refletir bastante para não ter que voltar atrás. Também para não falar bobagem. O presidente do Banco Central talvez seja a menor de suas preocupações atuais, a economia vai bem e os projetos estão avançando. Basta ao governo usar as mesmas armas dos adversários e não mais chegar perto do nó da corda. Vamos nos lembrar sempre de que o empresariado (rural e urbano) e o mercado têm aliados em todos os setores, haja vista que até o Banco Central os representa e não ao interesse público. É preciso jogar o jogo com a cabeça, como eles, usando a denúncia, a mobilização popular e até mesmo o direito a rede nacional de rádio e TV para chegar às pessoas. 

E sem tréguas. 

16 de junho de 2024

Abortos e canalhas


Lembro-me vagamente, pois era muito pequeno, de papai e mamãe nos retirando de casa, meus irmãos e eu, e nos levando para a do tio José Álvaro, meu padrinho. Logo em seguida a Polícia chegava a nosso endereço para recolher de lá o cadáver de um natimorto, filho da empregada. Ela havia passado a gravidez toda escondendo sua condição com tiras envolvidas ao corpo e não a revelou em momento algum, mesmo sendo inquirida por minha mãe. Pariu no quarto onde dormia e, sangrando abundantemente, pediu socorro a meus pais, seus patrões. Papai se lembra de ter sido procurado por um médico que o julgava pai daquele morto ao questionamento de "onde está a criança?" A situação só não ficou definitivamente dramática porque a mulher disse ter engravidado do namorado, escondido a gravidez e dado à luz no quarto. Viu que a criança estava morta e a escondeu sob a cama.

Meu pai ainda pagou um advogado para livrar aquela pessoa de maiores complicações, mas tão logo ela foi liberada pela Polícia, desapareceu. Nunca mais soubemos dela e, acredito, nem sequer a Polícia. Eis o perfil da pessoa típica que buscava aborto no passado: pobre, quase miserável e ignorante. Hoje a esse perfil somam-se milhares de crianças vítimas de abusos sexuais até mesmo em casa. Meninas de 10, 11, 12 anos, como aconteceu aqui no Espírito Santo onde moro, com uma que precisou interromper a gravidez em Pernambuco.

Nosso país está cheio de problemas para resolver, e em vez de se concentrarem neles, canalhas colocados no Congresso Nacional por nós, brasileiros, elegeram uma tal "pauta de costumes" para tratar dela em seus mandatos. Abandonam os temas realmente importantes para fazer demagogia barata e cometer crimes contra o cidadão comum tentando impor aos demais princípios que nem mesmo eles possuem, pois muitos já foram flagrados cometendo os mais diversos desatinos, inclusive em diversos casos envolvendo costumes. Como "pastores" de inúmeras confissões evangélicas de fachada, apaixonadas por dinheiro.

Quando se ataca o direito legal à interrupção da gravidez no Brasil, condena-se sobretudo mulheres pobres. E crianças... As ricas pegam aviões, viajam para a Europa e fazem aborto nos países onde isso é legal. Passeiam bastante e voltam para seu país. Poucos ficam sabendo. É justo que quem quiser possa interromper uma gravidez indesejada em casos de grave risco de vida, feto anencéfalo ou estupro. E deveria ser crime falsos moralistas investirem contra essas pessoas ou seus responsáveis, como é feito hoje.

Também peca a igreja quando demoniza crianças, adolescentes e adultas que estão diante desse dilema. Refiro-me especificamente à Igreja Católica, que faria um bem imenso se não continuasse a classificar como pecado o uso de métodos anticoncepcionais entre as mulheres. Elas podem e devem usá-los para não colocar no mundo pequeninos condenados à fome e à falta de instrução num país onde a miséria não é considerada crime por esse bando de anencéfalos morais levados a Brasília pelo reacionarismo brasileiro.     

12 de junho de 2024

Votações do obscurantismo


Está em discussão no Congresso Nacional, por mais incrível que possa parecer, um projeto de lei que pretende tornar mulheres que interrompem a gravidez após serem vítimas de estupro passíveis de acusação de homicídio doloso. Já não bastou o estupro, uma violência inominável, e a pessoa atingida ainda vai ser acusada de ser assassina. E isso por um ato que é previsto em lei como não sendo criminoso. Sim, porque a legislação brasileira considera legal que as mulheres - caso queiram - façam aborto em apenas três hipóteses: no caso de estupro, quando o feto é anencéfalo e quando a grávida pode morrer nessa condição.

Pois o obscurantismo legislador brasileiro quer perpetrar mais um monstrengo jurídico desde já condenado a ser declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O mais absurdo é que isso não está sendo gestado apenas por burrice pura, embora obscurantista seja quem se encontra na escuridão, vive na ignorância. E, em nível social, político e cultural essa situação seja o sistema que nega a instrução e o conhecimento às pessoas com a consequente ausência de progresso intelectual ou material. A rigor, tais preceitos já deveriam estar sepultados pela história, posto que vicejaram sobretudo na Idade Média.

Então o que ocorre hoje na Câmara e no Senado Federal? Acontece que nas últimas eleições, a reboque do pensamento de um sociopata que acendeu à presidência da República antes do governo atual agarrado na calda de cometa do renascimento do pensamento reacionário de grande parte dos brasileiros, foi criada como um dos seus sustentáculos uma tal "pauta de costumes" que reuniu e reúne o que há de mais retrógrado no pensamento e nas convicções dos brasileiros. Ele se baseia na ignorância - sim, eu posso ser ignorante até mesmo tendo curso superior! - e na disseminação de tudo o que existe de pior no cardápio da cultura nacional.

Isso se tornou de vital importância porque virou uma arma política. Pesquisas mostram que esse reacionarismo, em grande parte sustentado por correntes religiosas ligadas ao novo evangelismo formado por "confissões" de líderes picaretas, tem uma força enorme junto ao eleitorado nacional. Pode eleger muita gente, como aconteceu nas últimas eleições legislativas federais, quando um contingente imenso de desqualificados ganhou mandato de deputado federal ou senador para cultuar o genocida inelegível e também para sustentar de todas as formas uma pauta de loucuras que chegam a ser obscenas.

Só para terminar por onde começamos: se você acha pecado interromper a gravidez depois de engravidar vitimada por um estuprador, vá em frente. A lei em vigor te dá esse direito. Mas se para você levar adiante essa situação é mais uma violência injustificável, interrompa a gestação. Da mesma forma como você pode fazer isso se sua vida estiver em risco caso a gravidez prossiga ou se ficar comprovado que seu feto não tem cérebro da mesma forma como, parece, não têm aqueles que defendem essas pautas no Congresso.

Creio que isso vai continuar sendo só uma questão de opção. 

4 de junho de 2024

Fim da linha para vocês!


"A mentira espalhada pelo poderoso ecossistema das plataformas é instrumento de covardes e egoístas!"

São duas pessoas, duas histórias de vida, duas maneiras diferentes de pensar e agir, mas um ponto em comum: os ministros Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia, o primeiro deixando o cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a segunda o assumindo (foto de ontem) têm um ponto e comum: eles defendem de forma tenaz a democracia brasileira reconquistada com sangue, suor e lágrimas em 1985 depois de 21 anos de tirania e reafirmada agora, após as sucessivas tentativas de golpes de Estado que culminaram com os atos de violência de 08 de janeiro de 2023, quando a sede do poder federal foi atacada em Brasília por um enorme bando de criminosos arregimentados por ordem do ex-presidente da República ainda solto.

Alexandre enfrentou a pior fase da turbulência gerada pelo crime organizado de iniciativa de um chefe de Estado e graças também à omissão criminosa de organismos de segurança, sobretudo militares, cooptados por este. Além disso, por uma enorme teia de mentiras orquestradas pelas redes sociais controladas por esses criminosos. Agora Cármen vai encarar uma segunda fase dessa luta, quando terá de ser juíza em uma eleição de âmbito nacional encarregada de sagrar mais de cinco mil prefeitos em todo o Brasil. A extrema direita política, dona de apreço zero pela democracia e representante da mais absoluta falta de respeito pela história do Brasil, lutará pelo caos institucional. Não importa a ela que as eleições sejam limpas, pois se o resultado final não for aquele que espera choverão denúncias irresponsáveis de fraude e outras. Dane-se se o país sofrer danos após isso. O Brasil só importa a eles se for deles a qualquer preço.

Alexandre e Cármen representam o que temos de melhor, seja com nossos defeitos defensáveis - não somos infalíveis -, seja com nossas virtudes que se sobressaem a eles. São a cara do brasileiro! 

O reacionarismo corporificado pelos princípios (sic!) do extremismo politico tem o direito de odiar Alexandre, Cármen e todos os que os acham cidadãos da maior qualidade. Se eles vencerem - e agora é a vez da segunda lutar por isso - nós teremos mantido o nosso país no caminho da defesa das instituições civis e militares que prezam os valores democráticos e os querem fortes, vença quem vencer as eleições que ainda estão por vir. Não importa quem nós apoiarmos, pois energúmenos armados ou donos de mandatos não têm o direito de tentar intervir, sobretudo pela força, nos destinos de todos os demais. A eles está reservado o lixo da história.

A  ministra Cármen Lúcia, de novo presidente do TSE, saberá dizer aos criminosos com a voz serena que sempre ostentou: "Fim da linha para vocês!".