14 de julho de 2013

Vamos dar uma vaia neles!

Representantes das diversas centrais sindicais em seu palco preferido
Em meados da década de 1980, quando os sindicatos de trabalhadores recuperaram sua autonomia legal, uma grande parcela dos sindicalizados, como eu, lutaram para impedir que as entidades sindicais se aliassem e se subordinassem a partidos políticos. Em vão. Logo surgiam no horizonte brasileiro nomes como "Sindijornalistas - filiado à CUT". O PT, então em ascensão e aspirando conquistar o poder, passou a dominar grande parte das instituições sindicais brasileiras. A política sindical, trabalhadora, abria caminho para a militância política, nem sempre sindical, nem sempre trabalhadora.
A parca adesão, semana passada, da população à greve geral das centrais sindicais é um dos frutos desse erro: os sindicatos brasileiros e suas centrais são hoje confundidos com partidos políticos. E como estes últimos são as instituições menos respeitadas pelos brasileiros, uma coisa contamina a outra.
Não acredito que a questão sindical vá prejudicar o movimento de protestos que nasceu com a juventude brasileira e se espalhou País afora, distante de partidos políticos e sindicatos. Mas hoje, se esse monte de siglas de centrais quiser efetivamente ajudar o movimento de reformas, pode fazer apenas uma coisa: ficar distante da garotada, do brasileiro comum que vai às ruas protestar sem ter em mente a conquista imediata de um espaço ou cargo político para chamar de seu.
Tenho dito que o brasileiro não deve se dispersar. Bem como não pode aceitar provocações e participar de atos criminosos. Deve continuar a fazer o que vem fazendo: denunciar. Sobretudo e principalmente a classe política que vive num mundo à parte, separado da realidade, acumulando privilégios e vantagens. Agora mesmo vários deputados federais e senadores disputam lugares num voo da FAB para ir ao Rio de Janeiro com o nosso dinheiro ver a missa que o Papa Francisco vai rezar.
Católicos de todo o mundo, uni-vos: vamos dar uma sonora vaia neles. Vamos vaiar até não poder mais.
E lutar. E sempre continuar lutando, principalmente num momento em que, quando a gente pega a nota fiscal depois de uma compra, vê o peso dos impostos. Mais do que isso: sabe para onde vai esse dinheiro e que ele vai para onde não deveria ir. A corrupção do Brasil é endêmica e só pode ser derrotada com luta.
Uma democracia não se faz sem sindicatos. Mas não são esses e nem essas centrais sindicais que queremos. Uma democracia não se faz sem partidos políticos e seus filiados. Mas não são os partidos que temos e os políticos que eles elegem os que queremos. Podemos mudar isso tudo com a decisão, o engajamento e a disposição mostradas desde o início dos protestos no Brasil.
Vamos construir um País novo, digno, que nos represente. Nas ruas, todos os dias, protestando, mostrando cartazes e lembrando aos maus políticos: as eleições estão por chegar. E os senhores, por partir.              

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