3 de abril de 2016

Um museu corre risco no Espírito Santo

Na entrada, o Museu Mello Leitão convida o visitante...
Era assim: na portaria bem cuidada pagava-se R$ 2,00 por pessoa para ingressar. Podia-se ficar o tempo que se quisesse. Uma lanchonete tem montada vendia não apenas lanches mas também recordações que podiam ser camisetas e outras coisas. Não raro alguém da administração auxiliava os visitantes com informações. E havia diversos tipos de atrativos, inclusive um filme rápido e que era exibido ao público contando a história do museu. Hoje tudo mudou.
O Museu de Biologia Professor Mello Leitão, que fica no Centro de Santa Teresa, região serrana do Espírito Santo, é público federal e subordinado ao Instituto Brasileiro de Museus e Instituto Nacional da Mata Atlântica. Foi fundado em 1949 pelo naturalista Augusto Ruschi e seu nome homenageia um importante pesquisador. O que aconteceu com ele? Depois de muito tempo passou ao controle federal. A cobrança de ingressos foi abolida. E com a crise atual e o contingenciamento de verbas públicas, aos poucos a penúria vai chegando à instituição que é motivo de orgulho para os capixabas.
Falar sobre isso, só em off. Mesmo assim com cuidado. Os que aceitam admitir as dificuldades dizem que foi um erro a abolição da cobrança de ingressos. Eles não mantinham a instituição mas ajudavam. Agora o museu depende em tudo do governo federal. Na hora em que as verbas cessarem - e alguns acham isso possível - ele vai fechar. A Prefeitura de Santa Teresa não tem como manter. E nem quer.
Fala-se com cuidado por um motivo simples: o temor é de que críticas façam com que o governo federal abdique do Mello Leitão: "Estão insatisfeitos? Então fiquem com ele". Salvar a instituição teria de passar pela volta das cobranças de ingressos, talvez mais caros, e pelo encontro de patrocinadores. Coisa difícil em tempos de crise. Teme-se mais: que o governo federal use as críticas para deixar o museu de lado dizendo que agora os pobres não vão mais poder ter acesso a ele.
...mas os sinais de abandono já são bastante claros
Sim, o Mello Leitão recebe, durante as semanas, excursões de estudantes vindos de todos os lugares. Isso sempre houve e sem cobrança, Mas sobretudo nos sábados e domingos as visitas são avulsas. Até algum tempo atrás, pagas. Foi dessa verba que se abriu mão. E em praticamente todo o mundo, paga-se para visitar museus. Senão, como manter as estruturas?
O Mello Leitão ainda tem atrativos. Mas os macacos foram embora. Recentemente foi fechado o espaço dos jabutis. Nas áreas de visitas é fácil notar que os cuidados diminuíram. A  lanchonete está mal cuidada e às vezes não abre. Não se vende mais lembranças. Também diminuiu o número e a diversidade de animais do acervo. Em off as pessoas falam que falta dinheiro e que esse assunto se tornou tabu. Até as redes sociais estão bloqueadas no local. Oficialmente, para evitar que os funcionários se distraiam ao trabalho. Mas não é verdade, os teresenses sabem disso.
A verdade é que a instituição que tem por objetivo coletar, estudar, preservar e expor exemplares de plantas e animais, sobretudo da Mata Atlântica, está em perigo. Seu acervo não é mais de 40 mil exemplares como prega o site. E as estações biológicas de Santa Lúcia e Caixa d'Água também correm risco. Ninguém fala abertamente sobre isso por enquanto. Mas logo todos terão que falar.              

3 comentários:

ACLAPTCTC= 40 Anos do NEOTROVISMO disse...

Estive lá e observei que o Museu está de mal a pior. Lamentável...

ACLAPTCTC= 40 Anos do NEOTROVISMO disse...

Estive lá e observei que o Museu está de mal a pior. Lamentável...

Roberto Vasco disse...

Tenho mais uma comentar: Há 3 anos, hospedando-me num hotel na região central da cidade observei que as paredes estavam rachando, bem como a de outros prédios próximos a ele. Não demorou muito para perceber a razão.: a passagem constante de caçambas enormes e todo o tipo de tráfego pesado no centro. Isso põe em risco todo o conjunto arquitetônico histórico. Sugeri na época a criação de uma via passando por fora do centro. Tudo isso coloquei numa carta aberta aos Teresenses. Pelo jeito não foi divulgada. NÃO VINGOU. robertovasco@hotmail.com // www.robertovasco.com.br