15 de setembro de 2023

O pauperismo político


Henry Waldir Katwinkel (foto), advogado de Thiago Mathar, um dos condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento dos crimes do dia 08 de janeiro era um desconhecido. Mas ficou triste e hilariamente famoso quarta-feira ao defender (?) seu cliente e, no afã de atacar o Supremo, dizer que o pensamento "os fins justificam os meios" é do livro "O Pequeno Príncipe", em vez de "O Príncipe". Por sinal, só existe algo próximo disso em "Comentários às décadas de Tito Lívio". Confundiu Nicolau Maquiavel com Antoine de Saint-Exupéry. Não imagino quem teria ficado mais chocado com esse fato caso um dos dois ou ambos fossem vivos.

Esse advogado é a imagem de nossa extrema direita: sobretudo rasa, raivosa. E foi secundado, se posso usar esse termo, por uma advogada aparentemente novinha e que disse um dia ter tido o sonho de se sentar em uma das cadeiras de ministra do Supremo. Eles todos, pode-se dizer que quase sem exceção alguma, são de um pauperismo intelectual que agride. A advogada chorou enquanto falava aos ministros e pediu por seu cliente dizendo que ele não passa de um menino. Muito minado, talvez.

Hoje mesmo li em um dos nossos grandes jornais que um terço dos eleitores brasileiros votou no PL, Republicanos ou União Brasil nas últimas eleições. Seriam cerca de 73 milhões. Se contarmos com o fato de que Novo, PP e outros menos cotados também habitam esse espectro político podemos concluir que esse terço dos brasileiros é constituído por conservadores. Talvez sim, talvez não. Mas não são fascistas em sua grande maioria. Existe muito antipetismo misturado a esse grupamento e também um imenso contingente de pessoas levadas a uma oposição a tudo o que possa cheirar a esquerda. E por influência de entidades evangélicas que são tudo menos igrejas.

Vamos levar muito tempo para vencer essa situação de penúria em termos de pensamento político, sobretudo e principalmente porque vivemos numa época em que o proselitismo está muito enraizado no jornalismo brasileiro, até mesmo nos meios de Comunicação mais tradicionais. Obviamente eles não são desonestos como os produtores diários de fake news as mais diversas, mas contribuem para a desorientação.

E até que o Brasil acorde de sua turbulenta noite de pesadelos variados no terreno da vida política de dia-a-dia, teremos que tocar o barco vendo as chamadas "redes sociais" inundarem os corações e as mentes dos brasileiros, principalmente os mais influenciáveis, com cocô de galinha concretizado como um turbilhão de mentiras capazes de fazer corar os mais idosos. É o nosso destino. Enquanto não vencemos esse inimigo e conseguimos gerar líderes políticos de excelência, resta-nos assistir vez ou outra à apresentação caótica de um Katwinkel qualquer em julgamento de criminoso político.

Dá vontade de rir, mas também de chorar.   

Um comentário:

Anônimo disse...

“Gerar líderes políticos de excelência”
“Turbulenta noite de pesadelos”
“ Os fins justificam os meios”.
Realmente! Nós merecemos tudo isto! Votamos!