7 de dezembro de 2015

Continue negociando, Presidente

"Não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público. Não possuo conta no exterior nem ocultei do conhecimento público a existência de bens pessoais".
Eis o principal ponto do discurso da presidente Dilma Rousseff quando falou sobre a aceitação, por parte da Câmara Federal, da instalação de seu processo de impeachment. Ela, sua entourage e os militantes do PT apelidaram de "golpe" esse procedimento constitucional, mesmo ele já tendo sido apoiado pelo PT em ocasiões passadas. O que agora parece não contar.
A Constituição de 1988 prevê o impeachment do(a) presidente(a) em casos de crimes de responsabilidade. E a presidente sabe, pois não é burra, que os cometeu, sim, no ano passado e os repetiu esse ano mesmo depois de ter contas recusadas pelo Tribunal de Contas da União.
Ela maquiou dados da economia brasileira, utilizou-se de dinheiro público do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal de forma ilegal e tudo isso com um único objetivo: criar uma ilha da fantasia para garimpar votos sobretudo entre os brasileiros menos esclarecidos. Conseguiu, é certo. Mas à custa do cometimento de crimes que ela agora não pode e não deveria negar.
O fato de a presidente não ter colocado o dinheiro em seu bolso, em sua conta bancária, na Suíça ou escondido no Palácio da Alvorada não a absolve. Ela certamente tomou essas medidas incentivada por seu criador político, pois ele estava desesperado com a perspectiva de derrota na eleição do ano passado. Mas isso também não a absolve. E todos esses fatos embasaram o pedido de impeachment aceito na Câmara e redigido por três figuras ilustres do conhecimento jurídico brasileiro.
Foi uma vingança do Sr. Eduardo Cunha? Certamente. Mas a presidente sabe, eu sei e todos os que estão lendo esse texto sabem também que ela tentou até o fim negociar com Cunha uma troca do impeachment pela absolvição deste no Conselho de Ética ou então uma troca pela CPMF. Não por outro motivo seu criador fez mais de um pronunciamento pedindo ao PT para não ser carrasco de Cunha. Para, digamos, dar uma aliviada. Mas o trato não deu certo, felizmente para o Brasil.
A presidente Dilma Rousseff não está sendo vítima de um "golpe". Ela responde a um processo de impeachment porque cometeu crimes de responsabilidade previstos na Constituição que jurou respeitar. Se vai perder o mandato ou não são outros quinhentos.
Afinal, o Congresso está lá, ávido para negociar com ela.  

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