13 de dezembro de 2015

O ovo da serpente

18 de janeiro de 2002, Juquitiba, São Paulo. Se você não o conhece, eis o ovo da serpente.
Nós todos, os omisso, estivemos durante anos ajudando a fazer crescer uma grande Máfia. Vou usar

o "M" maiúsculo apenas e tão somente para mostrar o tamanho desse cancro mole da vida do povo brasileiro. Dessa peste que se transformou em poder e que desde 2003 nós somos obrigados a suportar. Graças ao voto não pensado. Inclusive ao meu, dado em 2002.
Celso Daniel não acreditava em "la legge del capo". Deu no que deu. Em Juquitiba.
Você vai ver duas fotos ilustrando esse texto  Na primeira está o corpo de Celso Daniel logo depois de encontrado. Depois vem a de seu velório. Nessa estão figuras notórias. Olhe bem e você vai encontrar nela, na foto, de "Il capo di tutti capi". Aquele que nunca sabe de nada. Olhando bem nessa segunda foto você vai encontrar também um líder guerrilheiro. Aquele que conseguiu prostituir um sonho. Ele está ao lado do caixão. Pesaroso! Contrito! Grande filho da puta consolando a viúva!
Acreditem nos esforços que estão sendo feitos para que isso tudo acabe. Ou então para que o crime organizado - uma das únicas coisas bem organizadas desse País - peca força. Ele se entranhou em todos os cantos, em todas as esquinas da vida nacional. Sempre existiu, sim. Mas se repente se tornou uma politica de Estado. Daquelas que ganham força e que continuam, se reproduzem e não sentem medo de nada. Nem da Operação Lava Jato ou de qualquer outra.
Hoje, a maioria dos grandes empresários de construção civil estão presos. Curitiba, a bela capital dos paranaenses, virou pouso final de um jato negro da Polícia Federal que, vira e volta, leva gente para lá. Gente suja de roupa bonita, quase sempre vestida de seda e outros tecidos nobres. E que precisa depois trocar essa roupinha por uma farda diferente, renunciando ao luxo e ao conforto.
Sim, porque no Brasil grande parte desse luxo, desse conforto, foi adquirido por meios ilícitos. Por roubo de dinheiro público. Do nosso dinheiro. Esse mesmo que hoje condena milhões de brasileiros à vida indigna, à fome, à mendicância. Hoje mesmo, voltando do supermercado, passei por quatro pessoas, talvez uma família inteira, dormindo na calçada aqui no bairro de Jardim da Penha, em Vitória. São sem teto, sem comida, sem dignidade, sem horizontes. Sem futuro, enfim.
São aqueles que acreditaram no governo do povo para o povo.
Os que sonharam enquanto o ovo da serpente era chocado e Celso Daniel terminava assassinado por ter decidido começar a denunciar. Ele teria evitado, se vivo ficasse. até mesmo a Operação Lava Jato. Mas foi assassinado.    

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