5 de setembro de 2025

Um Frankenstein da política

 

Há no Brasil de hoje, esse da política cheia de ódio e pobre de boas propostas, algumas pessoas que não sabem ao certo o que estão fazendo em seus cargos públicos. Um deles é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, militar reformado, levado à cena pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, carente de planos e projetos e que recentemente disse não acreditar na Justiça. Ele é um Frankenstein do exercício do poder no Brasil e, inclusive, já disse em mais de uma oportunidade que sem esse ex-governante não seria nada. Está certo. Mas será que ele é alguma coisa em nosso cenário político atual?

Recentemente o governador enviou à Assembleia Legislativa de seu (sic!) Estado um projeto já aprovado e que vende 720 mil hectares de terras públicas devolutas a fazendeiros com até 90 por cento de desconto sobre o preço de mercado. Coisa como a gente entregar um bem de R$ 100.000,00 por R$ 10.000,00. Negócio da China, mais do que de pai para filho. No total, a renúncia de patrimônio público somado durante o governo desse cidadão pode chegar aos R$ 7,6 bilhões. Ele vende tudo o que é do Estado. Na prática isso quer dizer grilagem de terras com entrega dessas a latifundiários improdutivos de São Paulo, alguns dos quais respondem a processos, mas que ainda assim são a base de apoio político de Freitas. Como se não bastasse isso ainda ressuscitou a Polícia mais letal do mundo. 

E não é só isso. A imprensa descobriu que alguns dos auxiliares diretos do governador, como secretários de Estado por exemplo, mais do que dobraram seu patrimônio pessoal em um ano. Isso sem ganhar na MegaSena... O que fez esse Frankenstein político brasileiro? Proibiu a divulgação de dados sobre o patrimônio pessoal de todos os seus mais próximos auxiliares. E os dele também, óbvio. Isso vai de encontro a uma prática comum no Brasil e também gerantida pela Lei de Acesso à Informação e que determina aos detentores de cargos públicos divulgar seus patrimônios anualmente como forma de provarem que exercem os mandatos com lisura. Tarcício quer fazer assim? Claro que não quer.

É esse o tipo de figura dominante na política brasileira dos dias atuais. Como ele consegue fazer com que seus projetos mais estapafúrdios sejam aprovados pela Assembleia Legislativa? Simples: a imensa maioria está cooptada e filiada a partidos ligados à extrema direita brasileira. São atrelados ao governador e a seu projeto de poder graças ao fato de que, assim agindo, ficam no mesmo espectro ideológico do chefe do Executivo, embora sem saber o que isso significa, e ainda podem usufruir de cargos públicos no Estado. Se o governador se eleger presidente, esse exercício de poder de barganha passa ao nível federal. Assim é no Brasil descarado de hoje, projeto pronto e acabado de Jair Bolsonaro.

Sim, o sonho de Tarcísio é ser presidente da República ano que vem. Sabe que seu criador, Vitor Frankenstein, o moldou a partir de restos mortais reunidos de diversas figuras desprezíveis de onde ele habita desde sempre e agora quer ter uma cara só sua, mesmo com cicatrizes e parafusos. Graças a isso declara a quem quiser ouvir que não acredita na Justiça e pretende a anistia para todos os envolvidos na tentativa de golpe de Estado mais recente do Brasil. Sabe que essa anistia é inconstitucional sob muitos aspectos e será derrubada ao final, mas seu projeto envolve  aumentar a instabilidade política nesse País.

Sabe igualmente que a Justiça está fazendo seu papel, como sempre acertando e errando, mas dizer que não cre nela o torna próximo da extrema direita brasileira, ávida para destruir o Supremo Tribunal Federal e, a partir daí, moldar um país onde o poder ou não precise se submeter às leis ou as tenha representadas por vassalos de seu projetos pessoais e de Estado. Simples assim. E também esse é o objetivo de gente como Sóstenes Cavalcanti, Ciro Nogueira e mais uma carrada de medíocres como alguns capixabas tipo Magno Malta, Marcos do Val, Gilvan da Federal, Evair de Melo, Messias Donato, Amaro Neto, etc.

Tem tudo para dar errado, mas eles vão tentar.     


      


     

3 de setembro de 2025

O Brasil que não conhecemos

 

Imagine um filme que seja nossa cara. E além de tudo a cara do Brasil e daquele país que nós pouco ou nada conhecemos, nos cafundós da Amazônia. Estou falando de "O último azul", de Gabriel Mascaro, vencedor do prêmio máximo de Melhor Filme Íbero-Americano de Ficção no México e de melhor atriz para a atriz principal. É a história de Teresa, mulher de 77 anos vivida por Denise Weinberg, ótima interpretação e que na foto acima aparece em uma cena junto com Rodrigo Santoro. Além deles a película também tem Miriam Socarrás e uma história distópica da sociedade que decide obrigar os idosos dos 75 anos em diante a serem enviados para um exilío forçado onde vão esperar a morte para que os jovens possam produzir em paz. Claro, isso não existe, mas podemos estar caminhando para lá.

A distopia é o inverso da utopia. Trata-se de termo vindo do grego "dys-tópos", lugar ruim, condição de miséria, opressão, autoritarismo e desespero, como uma crítica social e alerta sobre o futuro. Teresa, o personagem de Denise, não quer isso. Velhinha do balacobaco, ela foge porque quer voar. Literalmente. E corre para sua aventura chamada liberdade. O projeto dessa sociedade distópica é maquiavélico, mas é melhor não contar os detalhes para que você vá ver o filme. Não se trata de um tapa na cara como "Ainda estou aqui", até porque a obra é ficcional. Mas ela tem substância, faz pensar e isso não vinha sendo comum no cinema brasileiro até pouco tempo atrás, mesmo nas melhores obras.

O que é o azul? Trata-se de um caracol da baba azul, animal mágico, em estado de extinção e que não existe verdadeiramente na natureza. Foi inventado para essa narrativa. Sua baba tem que ser pingada no olho como uma espécie de colírio que leva a visões. Teresa quer isso. Quer qualquer coisa que não signifique se submeter aos ditames de um estado totalitário e que considera os velhos como seres descartáveis. Imprestáveis. Para embarcar na sua aventura ela encontra uma parceira vivida por Miriam Socarrás e seu barco onde são vendidas bíblias digitais com a promessa do paraíso. Aliás, todos os falsos profetas prometem isso, estejam onde estiverem. Até e principalmente em Brasília.

Esse aparente resgate do cinema nacional é oportuno porque se contrapõe ao momento negacionista que estamos vivendo no Brasil de pouco brilho intelectual e muita distopia política. O filme é de ficção, mas o que ele mostra são pessoas que podem resistir, mesmo passivamente, a condições adversas e ainda se essas vierem na forma de gaiolas que as levam à força para os lugares onde vão esperar a morte porque, e isso é inevitável, ela vai chegar para todos aqueles que vivem. Só não deveria ser dessa forma.         

2 de setembro de 2025

Anistia nunca mais!


Se houver anistia para os criminosos da tentativa da golpe militar no Brasil, mais um deles, seus autores ou descendentes vão tentar de novo. Não desistirão de seus próximos sonhos de aquarteladas, pois isso está embutido no cerne da política brasileira e na cultura da nossa vida militar desde o final do Império, em fins do século XIX. E notem bem: os golpistas brasileiros estão sempre na extrema direita do espectro político nacional, embutidos na série de partidos de aluguel usados desde muito como seu abrigo.

Assim é hoje como foi ontem. E quem são esses novos pregadores da destruição da nossa democracia? São out siders, na maioria dos casos, chegados ao poder pelas mãos de Bolsonaro, um saudosista do passado mais recente de ditadura do Brasil, como é o caso do governador de São Paulo, Tarsísio de Freitas, carioca levado para lá terras paulistas pelo ex-presiente e que, vez ou outra, diz candidamente que não seria nada sem seu patrono. E com ele, conseguiu fazer renascer a polícia mais letal do nosso país, levando a cabo aquele velho princípio do "bandido bom é bandido morto". Contanto seja pobre e preto.

Hoje pela manhã falaram o relator do processo, ministro Alexandre de Moraes e o Procurador Geral da República, Paulo Gonet Branco. O primeiro relatou as peças dos autos e o segundo mostrou porque não se pode simplesmente perdoar os golpistas. Numa fala brilhante. Paralelamente a isso, parlamentares sobretudo da extrema direita do espectro político brasileiro iam para o Congresso Nacional, a maioria vestidos de verde e amarelo, defender anistia. Defender o indefensável, que mais uma vez façamos vista grossa para o golpismo, como se nada houvesse ou se, como dizem os gaiatos, tudo não tivesse passado de um passeio no parque.

Domingo mesmo o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal teve que ser defendido dentro de um avião que o transportava de São Luís para Brasília porque corria o risco de ser agredido por uma doidivana enlouquecida. Assim vive hoje parte da população brasileira, inconformada pelo fato de seu "mito" estar para ser preso porque tentou destruir a democracia brasileira. E fez isso desde que chegou ao poder está provado nos autos dos processos que enfrenta juntamente com seu sete capangas próximos

Ele sobrevive ilusões porque tem ao seu lado o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Esse diz que conhece todo mundo que é honesto. Talvez como ele, que roubou e levou para casa documentos secretos do governo de seu país quando deixou a presidência concluído o primeiro mandato e ainda incentivou seguidores a invadir o Congresso dos Estados Unidos num episódio no qual foi anistiado e houve três mortes. Todos os fascinoras que estavam com ele receberam anistia também.

Esses criminosos são muito inocentes. E me fazem lembrar a piada do ladrão que entrou no quintal do vizinho e roubou um bacurinho, um filhote de porco. Quando estava saindo foi supreendido pela Polícia.

- Ladrão, estava roubando o porco - disse o policial.

- Porco? Que porco?- perguntou o ladrão.

- Esse no seu ombro - respondeu.

- Tira esse bicho daqui, tira esse bicho daqui - gritou ele.

Os grandes constitucionalistas dizem que não existe anistia para crimes de tentativa de golpe de Estado e dissolução do Estado Democrático e de Direito. 

30 de agosto de 2025

O cuidado é necessário!

 

Muita gente considerou exagerado a Polícia Federal monitorar a casa de Bolsonaro no jardim da entrada com policiais sem armas à mostra (foto acima) e ainda tendo o direito de fiscalizar porta malas de carros que chegam e saem de lá nesses dias que antecedem o julgamento dele e de mais outros membros do Núcleo Crucial da trama golpista do 08 de janeiro de 2023. Não é. Todo mundo sabe que ele tentaria se refugiar em uma embaixada "amiga" das tantas que existem em Brasília. Só não faz isso, creio, pelo mesmo motivo que o levou a desistir de tentar o golpe sem apoio das Forças Armadas, como esperava: tem medo. Muito medo. Até de ser surpreendido tentanto fugir.

O filho Carlos, que foi visitar o pai um dia desses deu entrevista depois dizendo que o ex-presidente genocida e inelegível está hoje deprimido, emagracendo e sem conseguir comer. Pelo visto, nem pão de sal com leite condensado. Um panorama diferente do antigo Jair que enfrentava a todos, desacatava quem se pusesse no seu caminho e tentasse contestar quaisquer de suas certezas, geralmente idiotas. Como as da época da pandemia, quando mais de 700 mil brasileiros morreram sem ter os cuidados necessários à sobrevivência. Ou então sendo tratados com remédios sabidamente sem efeito nesses casos.

Você tem pena de Bolsonaro? Eu não tenho.

Existe uma carrada de provas nos processos que correm na Justiça mostrando todo o envolvimento dele nos episódios de 08 de janeiro. Mais: provas de que aquela tentativa de destruição de símbolos nacionais aconteceu sob supervisão dele, além do que nesse dia viveu-se apenas o corolário do projeto de golpe de Estado. O ex-presidente sonhou com ele desde seu primeiro ano de governo, quando citava o artigo 142 da Constituição quase todos os dias, principalmente quando sentia que estava perdendo apoio no Poder Legislativo. Sua resposta às críticas e à não sujeição a seu projeto ditatorial era a corrosão da democracia e a violência. Quase exatamente o que faz hoje Donald Trump nos Estados Unidos, apenas com a diferença de que o principal inimigo deste é o Judiciário. O brasileiro se voltou contra os que interpretam e fazem cumprir as leis somente quando eles fizeram dele presa.

Estamos muito próximos do dia do início do julgamento mas, nessa "ditadura" como dizem os golsonaristas, respeita-se as leis o tempo todo, o rito processual vai ser cumprido integralmente e, condenado, o réu pode só conhecer uma cela em fins de novembro ou início de dezembro. Até lá poderá espernear à vontade. O choro é livre.

E também até lá todas as atenções estarão voltadas para a Casa Branca e a capacidade do presidente dos Estados Unidos de conspirar contra nossa democracia. Não sabemos ainda o que virá, mas sim que o Brasil deve resistir a tudo sem ceder um milímetro. E também que ao menos dois criminosos, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo devem estar na alça de mira das leis brasileiras. Eles terão contas a ajustar. E vão ajustar, sim.

Dia 02 de setembro vem aí. Está chegando!               

27 de agosto de 2025

As democracias dependem de nós


"Apesar de suas enormes diferenças, Hitler, Mussolini e Chávez percorreram caminhos que compartilham semelhanças espantosas para chegar ao poder. Não apenas porque todos eles eram outsiders com talento para capturar a atenção pública, mas cada um ascendeu ao poder porque políticos do establishment negligenciaram os sinais de alerta e, ou bem lhes entregaram o poder (Hitler e Mussolini) ou então lhes abriram a porta (Chávez). A abdicação de responsabilidades políticas da parte de seus líderes marca o primeiro passo de uma nação rumo ao autoritarismo."

Esse pequeno trecho acima foi retirado do livro "Como as democracias morrem", de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. A obra, um best-seller, serve de alerta às democracias do século XXI. Nos diz não apenas dos três ditadores citados nominalmente, mas tambem daqueles que, copiando ou não a receita, servem de modelos, fracassados (Jair Bolsonaro) ou em atividade (Donald Trump) no  mundo moderno onde o extremismo político de direita emerge nos assutando a todos, mesmo sendo de esquerda, como no caso citado do venezuelano. E não apenas pela importância dos países nos quais ela se apresenta, mas também porque sua ocorrência em um (Israel) é difícil de ser explicada à luz da lógica.

Os israelenses, inclusive os não sionistas, guardam com rigor religioso seus espaços de culto à memória do holocausto. E é preciso olhar para isso: no caso deles essa memória se refere apenas aos seis milhões de judeus mortos pelos nazistas durante a II Guerra Mundial e não a todos os seres humanos massacrados pela máquina de genocídio alemã de 1939 a 1945, composta também de presos políticos, deficientes físicos e mentais, negros, ciganos, mendigos, enfim, toda a gama de "sub-humanos", seres inferiores na crença deles. No total, acredita-se que cerca de 14 milhões foram mortos nesse período. Mas eles não são contados. Aos sionistas interessa isso, sobretudo porque palestinos também acabaram massacrados.

Talvez por esse motvivo e por tudo o que estamos passando nos tempos atuais é preciso ter em mente que as democracias são frágeis. Todas elas. E depedem de nós para sobreviver.

Ruy Castro, escritor memorialista brasileiro com vasta obra de levantamento de fatos e biografias, escreveu mais recentemente "Trincheira tropical", que conta a história do Rio de Janeiro, então capital da República, durante os anos que antecederam e foram vividos no período da Grande Guerra. Era um microcosmo do que se passava no mundo, sobretudo porque milhares de perseguidos daqueles tempos, inclusive judeus, aportaram nos arredores da Baía da Guanabara para fugir a um destino cruel. E vivíamos tempos de grande turbulência marcada pela luta entre fascismo, comunismo e democracia num Brasil onde Getúlio Vargas dirigia uma ditadura feroz, principalmente na área da censura a quase tudo.

Notem que fascismo, comunismo e democracia eram movimentos diferentes de hoje, sobretudo o comunismo, então intimamente ligado ao stalinismo que vigorava na então União Soviética. Foi justamente o cisma gerado pelo stalinsimo que provocou o surgimento do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em oposição ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em 1960, na ruptura do V Congresso. Assim como aconteceu com essa corrente de pensamento, modificou-se também a estrutura das democracias representativas. Parado no tempo ficaram o nazismo e o fascismo, ou o nazifascismo que hoje tenta voltar à cena política trazendo mais uma vez aos países o ódio vestido de racismo, homofobia, etc.

Esse entulho do pensamento totalitário e que carrega consigo todos os germes de crimes, políticos ou não, nos anos 1930/40 precisou de uma guerra recordista em mortes para ser pretensamente sepultado. Mas hoje retorna com força pelas mãos dos nazistas sionistas encastelados em Israel e sustentados sem freios pela política dos Estados Unidos que os abastece com as armas mais modernas que existem para eles poderem continuar seu projeto gennocida de limpeza étnica na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupadas ilegalmente.

Talvez tenha faltado ao presidente Lula sutileza quando disse que os sionistas de Israel cometiam genocídio da mesma forma como foram vítimas dele no passado, faro meio que representado na imagem protesto que abre esse texto. Isso não é questão de números, é de método! E o ministro sionista Israel Katz, que nos chama antisemitas, precisa saber da diferença entre antisemitismo e antisionismo. Mas isso não interessa a ele, que se comporta como porteiro de boate. A nota da Chancelaria brasileira em resposta ao ataque de que fomos vítimas, classificando a agressão sionista como "ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis", rompe com tradições de nossa duplomacia, mas restabelece a verdade.

É preciso estar atento e forte. As democracias dependem de nós.         

25 de agosto de 2025

Um risco calculado?


São muitas as pessoas que escrevem sobre o risco de o ex-presidente Jair Bolsonaro fugir da casa onde mora e se encontra em prisão domiciliar para se refugiar em alguma embaixada como, por exemplo, a dos Estados Unidos (foto). Com Donald Trump na presidência daquele país esse seria o endereço ideal para o réu às vesperas de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. Afinal, do Condomínio Solar de Brasília, no Jardim Botânico, até a embaixada dos EUA, no setor de Embaixadas Sul 801, ASA Sul, são dez minutos de carro. E não há à vista de ninguém vigilância alguma, ostensiva ou não, sobre o quase presidiário.

Seria isso um risco calculado? Há algum esquema que a gente desconhece capaz de surpreender uma possível tentativa de obter refúgio em embaixada por parte desse sujeito? De hoje até 02 de setembro, dia do início do julgamento dos réus do Grupo Crucial da tentativa de golpe de Estado de 08 de janeiro de 2023 faltam apenas 08 dias. Para quem quer fugir ao julgamento e à responsabilidade por seus crimes a hora é agora! É esta!

Bolsonaro é uma figura tosca. Desprovido de cultura geral, grosseiro, raso em praticamente todas as questões, tem também traços de sociopatia segundo muitos psicólogos que o avaliam em todas as suas intervenções. Mas, por incrível que pareça, possui um capital político muito grande. Já foi maior, mas ainda assim é representado por um imenso contingente e brasileiros indigentes em conhecimentos gerais ou então politicamente reacionários. Os que cultivam pneus, colocam celulares na cabeça para falar com extra terrestres, desfilam como militares em frente a quartéis e produzem muitas outras bizarrices.

Talvez por tudo isso e quem sabe por lembranças saudosas de um 07 de setembro, quando numa fala diante de milhares da pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, garantiu que jamais acataria ordens do STF e citou nominalmente o ministro Alaxandre de Moraes, ele ainda sonhe com a volta ao poder para poder terminar sua obra (sic!). Para isso conta com a ajuda de pessoas absurdamente fascistas como o governador de São Paulo, Tracísio de Freitas. Aliás, sobre esse é preciso admitir que fala uma verdade sempre que declara amor eterno ao ex-presidente: reconhece que sem ele não seria nada hoje. No futuro, quem sabe volte a não ser...

Sábado último, no restaurante de bairro onde fui almoçar, um cidadão de idade avançada sentou-se à minha frente. Na cabeça levava um boné verde e amarelo com dizeres bordados: "Anistia Já". É um slogan que desconhece as leis vigentes no Brasil, mas que ainda assim pode ser ostentado com orgulho por algumas pessoas. Talvez elas sonhem com uma fuga para embaixada (e esse ex gosta delas...) e logo em seguida haja um pedido de salvo conduto dirigido ao governo brasileiro, ele tenha que ser negado e isso gere mais um contencioso internacional envolvendo nosso país. É tudo o que querem...       

A questão envolvendo o réu do dia 02 de setembro está agora com a PGR, que se manifestará sobre a prisão preventiva ou não da infecta figura. Talvez tudo fique como está até o julgamento próximo, pois o reú sabidamente tem limitações sérias de saúde física, além da mental. Bolsonaro sabe disso e é provável que essa quase certeza dê a ele um pouco mais de tranquilidade para dormir à noite. Mas também tem consciência de estar a apenas dez minutos de distância de carro da "sucursal" do amigo Donald Trump.

Esse é o risco e o sonho!  


22 de agosto de 2025

Como pode um peixe vivo...


- Eu rezei tanto para esse homem não morrer durante meu governo...

Com esse lamento o "presidente" Ernesto Geisel, um dos membros da ditadura militar 1964/85 reagiu à notícia de que o ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira havia morrido num acidente automobilístico na Via Dutra, em Resende, quando se deslocava de São Paulo para o Rio de Janeiro. Foi à noite, bem tarde, e provocou um pandemônio nos meios de Comunicação. Um amigo que era repórter de "Veja" recebeu telefonema de convocação: "Para a redação, agora!". A revista tinha acabado de ser impressa, ia começar a ser distribuída a estava "velha". Era preciso fazer outra a toque de caixa para atualizar o material, pois quem havia morrido era o homem responsável pela construção de Brasília, nossa Capital Federal. Não era pouca coisa, claro, mesmo durante uma ditadura militar um monumento ia embora.

Cerca de um ano antes, recordo-me de ter ido a um teatro de São Paulo ver show de José de Vasconcelos. Um humorista que não falava palavrão e nos seus espetáculos era comum ver famílias inteiras. Em dado momento ele se virou para a platéia e disse que seu sonho era fazer uma apresentação na nossa Capital. Completou: "Quero me apresentar em Brasilândia!" Diante do silêncio das pessoas e da interrupção de uma senhora que disse "Brasília", o humorista esclareceu: "É que até lá Juscelino voltou. E voltando ele faz outra!"

Assim era naqueles tempos... No dia 22 de agosto de 1976, há exatos 49 anos, morria o "pé de valsa" Juscelino, médico da Polícia Militar, mineiro de Diamantina e sobretudo político com mandato de deputado federal, senador, governador de seu Estado Natal e presidente da República de 1956 a 1961. Enfrentou tempos difíceis, uma revolta comandada por militares que queriam dar golpe de Estado e conseguiu desmantelar a aquartelada de Aragarças, também conhecida como "Revoltoso do Veloso" e que sobreviveu de 02 a 04 de dezembro de 1959. Então cometeu um erro crasso: anistiou parte dos amotinados em fevereiro de 1956. Ele já havia sobrevivido a uma tentativa de ameaça ao Estado Democrático e de Direito em 1955 e foi convencido a anistiar os militares de 1959 como uma atitude "conciliatória". Fez isso e muitos dos que foram salvos de Araguarças estavam presentes cinco anos depois no Golpe de 1964 contra João Goulart...

Não se anistia golpistas!

A preocupação de Geisel era justificada. Sem poder impedir que o corpo de Juscelino fosse sepultado no cemitério Campo da Esperança, em Brasília, foi obrigado a ver a multidão de brasileiros que se acotovelaram em torno do local onde estava o corpo, na missa da Catedral de Brasilia (primeira foto) e depois na ida até o cemitério. Todos cantavam a música preferida do ex-presidente: "Como pode um peixe vivo viver fora da água fria; como poderei viver, como poderei viver, sem a sua, sem a sua, sem a sua companhia".

Tempos depois, mais uma vez os milicos da ditadura tiveram crises de chilique quando foi inaugurado o Memorial JK, onde estão hoje os restos mortais do ex-presidente (foto logo acima). Os governantes viam na obra de Oscar Niemeyer uma foice e um martelo... E, pior do que isso, o sacana que criou a Capital mais bonita que existe no mundo ainda ergueu aquele memorial de modo a que os militares o vissem no Eixo Monumental...

Mas Juscelino nunca foi de esquerda. Nem de direita. Político de centro, era um conciliador que adorava ficar nos braços do povo. Populista na forma não demagogica do termo, fez de sua vida uma obra perene. Deixou um legado. E, ao mesmo tempo, esse alerta: não se anistia golpistas. Ele diria isso hoje, se vivo estivesse. Mas iria preferir cantar "Peixe Vivo".

02 de setembro vem aí! 

21 de agosto de 2025

E enquanto a caravana passa...


E enquanto a caravana passa, áudios e mensagens terríveis envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu filho Eduardo e o "pastor" Silas Malafaia se tornam públicas. Os conteúdos são tão estarrecadores que nem vale a pena discutir se deveriam ou não ser divulgados.  

Além disso, os últimos acontecimentos do Brasil envolvendo a tensa relação entre nosso país e os Estados Unidos, hoje, tem de tudo. Desde dois pousos em terras brasileiras de um Boeing 757 adaptado (foto dele em POA) - o mesmo modelo que o presidente Trump usa em seus deslocamentos pessoais - até a estranha figura de um pastor protestante, desses dos esquemas de muito dinheiro arrecadado, que sai de casa à noite usando peruca e calcinha para "investigar" sabe-se lá que coisas. Ele, por sinal, é ligado ao mesmo Malafaia da abertura desse texto. Esses fatos, o inusitado e o grotesco, alimentam a central de factóides encarregada de fazer os dias atuais terem alta voltagem em todos os sentidos.

O avião, dizem os investigadores e o nosso Governo, é preparado para missões quase secretas. E muito idiotas, pois o fato de ele não ter nenhum tipo de identificação além da cor totalmente branca da fuselagem faz com que qualquer um o veja com suspeitas, como aconteceu em Porto Alegre e Guarulhos, por onde passou em seu rápido périplo pelo Brasil. "Transportava diplomatas", disse em nota nosso governo, e veio autorizado para pousar e decolar em aeroportos internacionais pelo Ministério da Defesa. OK! Se tivesse um "CIA" escrito na fuselagem despertaria menos suspeitas. Poderia ser também "Agente Secreto dos EUA", e geraria maior frissom. Isso, se esse frissom era a intenção.

Com toda a certeza o pastor que usa calcinha e peruca à noite teria um prato cheio para descobrir do que tratou tão incomum e desconfortável visitante. Isso caso ele, segundo consta uma pessoa próxima do "religioso" Silas Malafaia, aceitasse falar sobre suas atividades que já geraram memes os mais variados,(como esse publicado logo abaixo). Seria a oportunidade de mostrar que é realmente um bom investigador...

Isso não elimina o fato de que vivemos, nós, as américas e o restante do mundo, dias de profunda incerteza diante do quadro pintado pelo sociopata presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pretende dobrar a humanidade a seus pés. Estará ele apenas blefando enquanto ameaça a todos? Terá mesmo a intenção de atacar com força como faz em Gaza e por intermédio do governo sionista de Israel?

Inusitados e grotescos colocados de lado, há navios de guerra dos Estados Unidos próximos a águas territoriais da Venezuela, aparentemente para amedrontar. No caso do Brasil, a pressão reveste de maior perigo  o campo financeiro e os prejuízos podem ser contabilizados em diversos setores como, desde a manifestação do ministro Flávio Dino sobre não sermos obrigados e cumprir determinações de governos estrangeiros, na área dos bancos que temem sofrer retaliações financeiras em dólar caso os norte-americanos decidam mesmo atacar sem limites a economia de um país e um governo que não aceitam rastejar e submeter seu Poder Judiciário a uma potência estrangeira, tenha ela o tipo de capacidade de destruição que tiver. Como é esse o caso atual.

Ajudando a aumentar o nível de tensão, o Brasil ainda tem que suportar o baixo nível de ataques que chegam do exterior via brasileiros homiziados nos Estados Unidos ou então de governadores ditos de direita, todos pré-candidatos à presidência da República (sic!), e que discursam procurando legitimar as agressõoes e chantagens sofridas hoje por todos nós, como se isso pudesse ser justificado. Um deles, que governa São Paulo, chegou a sugerir darmos "uma vitória" a Trump porque ele gosta disso, vive disso. Pior não pode haver...

Ainda vamos superar tudo, recuperar os prejuízos e voltar a manter relações diplomáticas normais, aceitáveis com os Estados Unidos, país com o qual o Brasil se relaciona com altos e baixos faz dois séculos e cujas relações, hoje, tenderiam a alcançar um quadro de igualdade no campo das trocas comerciais. Tomara aconteça porque o jogo de "perde-perde" também é ruim para eles, pois suas empresas estão sofrendo reveses.

Mas essa volta das relações normais com o vizinho do Norte não deve acontecer a tempo de ser evitada a destruição total da Faixa de Gaza, o que acontece todos os dias, a todas as horas e é mostrada em nossas TVs. O mundo ainda vai ter que se responsabilizar pelo fato de haver cruzado os braços enquanto o sionismo promovia o maior genocídio do século XXI e a maioria de nós se acovardava diante de Benjamim Netanyahu e seu séquito criminoso abastecido com armas de última geração entregues pelos Estados Unidos.

E enquanto a caravana passa, Malafaia é parado no aeroporto voltando de Lisboa, tem passaporte retido e não pode mais viajar. Vai precisar gritar só mesmo por aqui. Talvez seu amigo de calcinha e peruca o ajude a tentar evitar vexame maior. Bolsonaro e Eduardo provavelmente vão dispensar essa ajuda. Provavelmente, digo eu.

Dia 02 de setembro vem aí...     

      

18 de agosto de 2025

As fronteiras da honestidade

Com o intervalo de menos de um dia, o filho Carlos, de Jair Bolsonaro e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de  Morais, deram declarações púbicas que os definem. O primeiro disse que os governadores de extrema direita política do Brasil são ratos. O segundo, que não pretende recuar um milímetro na sua missão de julgar os criminosos da tentativa de golpe de Estado de 08 de janeiro de 2023. Carlos conhece bem os esgotos onde vivem os ratos, de modo que é difícil questioná-lo. Moraes sabe qual tarefa tem pela frente e que não pode recuar de forma alguma. Para o Supremo isso é uma questão de respeito às fronteiras na honestidade e elas não cabem nos esgotos. 

Estamos vivendo esses dias singulares como nunca vivemos outros antes. Pela primeira vez na história o nazifascista eleito presidente dos Estados Unidos tenta manipular um julgamento no Brasil para favorecer sua cópia carbono brasileira. Usa de tudo para conseguir o intento, inclusive os préstimos de inocentes (?) úteis domiciliados nos Estados Unidos e que tentam de todas as formas sabotar o Brasil, seu país de nascimento. Não fosse o governo dos EUA estar entregue à corja que hoje habita a Casa Branca, isso não seria possível. Mas infelizmente a realidade está aí agredindo a todos nós.

Não tenho dúvidas de que o julgamento dos criminosos de 08 de janeiro vai transcorrer como deve acontecer. Só não é possível ir além do que o ministro Alexandre de Moraes disse ao The Washington Post. Pode ser que a sanha criminosa do atual governo ianque invista ainda com mais força contra o Brasil. Que seja! Haja o que houver, aconteça o que acontecer, custe o que custar, a Justiça seguirá em frente. É vital para nós, extirparmos da vida nacional o vírus do golpe de Estado que nos assombra desde a implantação da República, surgida nos extertores do século XIX e com a deposição de um imperador.

No final de semana mesmo pude ler no site ES360 texto do competente jornalista Vitor Vogas e no qual ele avalia o quadro das eleições ao Senado pelo Espírito Santo. Aqui os candidatos favoritos são o governador Renato Casagrande (PSB) e o senador Fabiano Contarato (PT). Ambos são prováveis vencedores (foto de ambos, de A Gazeta). Isso é excelente. Embora uma filha do senador Magno Malta também surja como boa aposta, ela significaria o transbordamento do esgoto político capixaba. Apenas isso. Um outro personagem, o vereador Leonardo Monjardim, infelizmente da Academia Espírito-santense de Letras (AEL), aparece com pífias possibilidades de eleição. Ótimo, porque esse senhor, que já foi até personage do PT capixaba é um mero nadador político em busca de ancoradouro.

Nas eleições de 2026 não bastará que a política responsável vença no Espírito Santo. Será necessário isso acontecer na maioria dos Estados, pois no Sul e em Goiás existe o risco de a extrema direita obter cadeiras. Em São Paulo, hoje, é vital tirar de Brasília os representantes do governador Tarsício de Freitas, aquele que não vê R$ 1 bilhão sendo desviados da Secretaria Estadual de Fazenda em golpes seguidos contra o contribuinte.

A eleição para o Senado em 2026 é de suma importância porque o projeto da extrema direita política brasileira é alcançar a maioria absoluta naquela Casa para destruir a democracia, a começar pelo Supremo Tribunal Federal, que teria sua composição modificada e talvez ao menos o ministro Moraes cassado por cumprir seus deveres constitucionais. Para isso serviriam os candidatos capixabas como Maguinha Malta (PL), Leonardo Monjardim (Novo), Sérgio Meneguelli (PSD), Wellington Callegari (DC), Evair de Melo (PP), Carlos Manato (PL) e Marcos do Val, por outra sigla que não seja o Podemos. Ainda falta muito tempo até as eleiçoes, mas nossa democracia depende delas para sobreviver.

O julgamento dos criminosos de 2023 começa no dia 02 de setembro. Vamos ver ao vivo e a cores aquela súcia de golpistas sentados no banco dos réus proclamando inocência, o que só é possível nas democracias que eles repudiam tanto. Tomara a Justiça seja feita e o golpismo do Brasil acabe definiticamente derrotado, como deve ser. Teremos tempo para respirar e preparar terreno com vistas às eleições de 2026. E viveremos esse tempos com a esperança de iniciar um novo período de honradez política no Brasil, o que não haverá caso o nazifascismo moderno tome a Praça dos Três Poderes, em Brasília.      

14 de agosto de 2025

O projeto nazifascista de Trump e Netanyahu


Na última terça-feira o governo Donald Trump anunciou que pretende iniciar uma revisão das exposições atuais ou futuramente planejadas da Smithsonian Institution, analisando seus textos e murais, sites e redes sociais "para avaliar o tom, o enquadramento histórico e o alinhamento com os ideais americanos" segundo o comunicado feito e que salienta querer ver o instituto focando sua imagem em consonância com a do presidente atualmente na Casa Branca. Como sempre, foram ameaçados o cancelamento de verbas federais e outras formas de apoio a essa instituição que administra 21 museus dos Estados Unidos, além de preservar um acervo de valor incalculável relacionado à história daquele país.

Eis Hitler sendo revivido em mais um projeto nazifascista!

Logo o Smithsonian retirou de pesquisas que podem ser acessadas os textos relacionados às tentativas de impeachment contra Trump. Prometeu resistir a todos os ataques futuros, mas talvez não possa sobreviver sem as verbas governamentais e venha capitular. Isso significa reescrever a história norte-americana que, por si só, não é digna de meritos ao longo de séculos de tentativas de dominação mundial. Assusta-me ler um dia: "George Washington, antevendo a existência, no futuro, do verdadeiro pai da Nação, Donald Trump, realizou o sonho da independência". Não riam, é improvável mas isso é possível no país onde se cogita mudar o nome do "John Kennedy Center", em Washington, para "First Lady Melania Trump Center".  

Esse assunto remeteu-me à monumental obra "Como as democracias morrem", de Steven Levitsky (imagem na bertura do texto) e Daniel Ziblatt. Merece ser lida por todos e nos faz compreender melhor como surgiram e obtiveram poder indivíduos como Adolf Hitler, na Alemanha e Benito Mussolini, na Itália, além de seus seguidores atuais incorporados em gente como Trump, nos Estados Unidos e Benjamin Netanyahn, no estado sionista genocida de Israel, gravitados por figuras menores como o ditador da Hungria. O sionista, hoje, comanda o maior genocídio do século em Gaza, amparado e financiado pelo norte-americano, mostrado ao vivo pela TV e tolerado pelo que ainda sobrevive do conceito de concerto das nações nascido das cinzas da Primeira Guerra Mundial.  

Steven Levitsky, para quem não conhece, é professor da Universidade de Harvard, cientista social de renome internacional e recentemente fez palestra no Brasil com o tema "Democracia, Judiciário e os desafios da atualidade". No seu livro ele alerta que "as democracias atuais não terminam  com uma ruptura violenta nos moldes de uma revolução ou de um golpe militar; agora, a escalada do autoritarismo se dá com o enfraquecimento lento e constante de instituições críticas – como o judiciário e a imprensa – e a erosão gradual de normas políticas de longa data". Essa é a receita resumida da tragédia!

Por isso não apenas os meios de Comunicação, mas também o Poder Judiciário é alvo desse pensamento e de seus seguidores, como acontece também hoje no Brasil onde hordas de neofascistas tentam de tudo para inviabilizar os julgamentos dos responsáveis pela última tentativa de golpe de Estado por aqui, sobretudo e principalmente a possível e provável prisão do genocida inelegível Jair (Falso)Messias Bolsonaro.

O Brasil está sob ataque dos Estados Unidos, que tentam de tudo para inviabilizar o atual governo porque ele torna impossível a volta ao poder desse Jair. Trump precisa dele muito mais do que de Javier Milei pela expressão internacional e poder econômico do nosso país. Sem Bozo na presidência fica muito mais difícil para o homem da Casa Branca balançar sua peruca loira nas entrevistas, retirando autorizações diplomáticas de ida aos EUA de parte das nossas autoridades, bem como aumentando tarifas de exportação sem justificativa econômica e legal alguma a não ser a vontade de intervir internamente no Brasil, o que é feito graças à ajuda de criminosos como Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo.

Por sinal, já passou a hora de eles virarem réus.

E a Justiça seguirá em frente para julgar os criminosos das tentativas de golpe de Estado culminadas em 08 de janeiro de 2023, haja o que houver, ocorra o que ocorrer e custe o preço que custar.             



12 de agosto de 2025

A lei do vale tudo


Quando jovem, um dos meus sucessos da velha televisão brasileira, aquela dos cinescópios,  era um programa chamado telecach. Espécie de luta livre do tipo vale tudo e que todo mundo sabia ser combinada, mas mesmo assim dava audiência. A diferença dela para o vale tudo que o Congresso Nacional quer criar agora é que nos tempos passados só ganhava o "mocinho". O "bandido" sempre perdia na final, de preferência para o galã das fãs, o lutador Ted Boy Marino. Convenhamos: era uma brincadeira para lá de inocente! Agora, não.

Hoje temos que conviver com isso que está na foto aí acima: alguém em Brasília plantou essa placa nas proximidades do Congresso Nacional e onde se lê com todas as letras que no lugar onde "trabalham" nossos eleitos deputados federais e senadores existe formação de quadrilha, é praticada corrupção ativa e esse é, agora, o grande acordo nacional. Que triste verdade! Que horroroso fato com o qual nós, brasileiros, convivemos diariamente.

Nos últimos dois dias estão todos eles em Brasília tentando um meio de os baderneiros da semana passada que ocuparam Câmara e Senado por mais de 30 horas não sofrerem punição alguma por seus atos. Isso, como se esse germe do golpismo não passasse de uma gripezinha, como dizia alguém hoje preso. Paralelamente a esse esforço hercúleo, vossas excrescências também estão tentando um meio de sepultar as investigações sobre o uso desonesto das emendas parlamentares, o que hoje está virando um modus operandi no Congresso Nacional. Ameaçam até mesmo aprovar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para adaptar a Constituição Cidadã de 1988 aos ditames da quadrilha de engravatados desonrados que querem continuar o baile sem máscara do roubo do dinheiro público pago como impostos.

No caso da baderna do Legislativo, estão na mira (?) da Corregedoria e do Conselho de Ética individuos como Nikolas Ferreira, Sostenes Cavalcanti, Allan Garcês, Bia Kicis, Carlos Jordy, Caroline De Toni, Domingos Sávio, Marcos Pollon, Marcel Van Hattem, Marcos Feliciano, Paulo Bilynskyj, Zucco e Júlia Zanatta, esta última tendo levado ao plenário a filha de apenas quatro meses. Falta Magno Malta, do Senado... Foram sucedidos por uma reunião de governadores bolsonaristas onde pontificaram, comandando discursos golpistas, Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Ronaldo Caiado (Goiás), Mauro Mendes (Mato Grosso), Ratinho Júnior (Paraná), Jorginho Mello (Santa Catarina) e Wilson Lima (Amazonas). Que turminha...      

Tudo isso é feito com a ajuda à distância do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o que se julga imperador do mundo e é assessorado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, o Dudu Bananinha. Aliás, sobre esse governante a ex-vice presidente Kamala Harris, que perdeu a eleição para a horrorosa figura, disse em entrevista bem recente que não a assusta o fato de ter acertado quando disse que o eleito não respeitaria as leis, afrontaria  a tudo e a todos, cortaria legislações de proteção à saude e tudo mais. O que ela lamenta não ter podido prever foi a capitulação de todos diante desse quadro inédito e ditatorial.

Também não pude prever!

Da mesma forma como não sabemos ainda de onde vieram os R$ 50 milhões que foram bloqueados das contas bancárias do senador Marcos Do Val. Aposto que é dinheiro nosso, de impostos recolhidos e tornados emendas parlamentares para a farra geral!

E dessa "festa de arromba", como se dizia na  minha juventude, vive hoje o Congresso.     

10 de agosto de 2025

O golpista mora ao lado


Quando o presidente dos Estados Unidos incentivou suas hordas a invadirem a maior casa legislativa do país para não reconhecer a vitória de Joe Biden ele mostrou a que veio, o que pensa e até onde é capaz de chegar. Hoje, tentando de todas as formas solapar a democracia brasileira deixa claro ser um golpista que pretende usar o poder militar de seu país para subjugar a todos. Até quando vai conseguuir isso impunemente?

Na semana que passou hordas de criminosos montados em seus mandatos parlamentares brasileiros tomaram de assalto a Câmara e o Senado da República para tentar impor ao Pais uma anistia que somente eles aceitam e a prisão, vejam só, do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes que está levando adiante a dura tarefa de processar os vândalos que tentaram um golpe de Estado brasileiro em 08 de janeiro de 2023. Fizeram o diabo e paralisaram o Poder Legislativo por 30 horas. Agora querem não pagar por isso.

Entre 1964 e 1985, só para lembrar aos mais esquecidos, o Brasil viveu uma ditadura militar implantada aqui com apoio decisivo dos Estados Unidos que enviaram até mesmo força naval para nos pressionar a aceitar o golpe contra o então presidente João Goulart. Deu certo porque era época de guerra fria e o discurso de combate ao perigo comunista caia como uma luva nos anseios de então. Hoje não há mais esse discurso, mas mesmo assim o presidente dos EUA quer chefiando o poder no Brasil sua marionete preferida.

Por sorte nossa temos hoje um país de instituições democráticas sólidas e que têm resistido bem a essa pressão toda que começa pela familícia Bolsonaro, terminando na Casa Branca. Mas já é hora de pensar: os Estados Unidos nem sequer nomearam embaixador no Brasil até agora. Não seria o caso de se imaginar se essas relações precisam ou não serem repensadas? Não digo rompidas, mas discutidas pelo Itamarati. E os atos criminosos praticados por deputados federais e senadores tomando de assalto o Congresso não merecem um tratamento mais drástico? Uma suspensão imediata de mandatos? Caso contrário, vira e volta será ameaçado um golpe de Estado por aqui, mesmo de forma mambembe.

Isso não é brincadeira, gente. E quem apoia os atos criminosos de bolsonaristas nos dias atuais está pedindo para que o Brasil seja quintal de nosso vizinho do norte. Não pode e não deve ser assim. Somos soberanos para nos relacionar politicamente com eles e com mais quem quisermos. Sem ingerência externa de espécie nenhuma. Basta lembrar que depois de não conseguir fazer sua sucessora o ex-presidente Joe Biden recolheu-se e não mais deu palpites. Assim funcionam as democracias, mas apenas para os democratas.

A foto que abre esse texto nos revela o tipo de gente que foi colocada no Poder Legislativo Federal para representar os brasileiros. Esse estereótipo de esparadrapo na boca foi inaugurado na década de 1930 por Adolf Hitler quando preso depois de tentar um golpe na Alemanha. "Denunciava" que estavam tentando silenciá-lo para caçar a liberdade do povo daquele país. Todos sabemos o que aconteceu em seguida...    

6 de agosto de 2025

O fantasma de 80 anos

Às 08h15m de 06 de agosto de 1945 (no horário de Tóquio), passados hoje exatamente 80 anos, o bombardeio Boeing B-29 de nome Enola Gay lançou sobre a cidade japonesa de Hiroshima a primeira das duas únicas bombas atômicas utilizadas até hoje em guerras (foto ao lado). O comandante era o piloto Paul Tibets e o nome do avião homenageava sua mãe. De imediato morreram 60 mil pessoas naquela cidade. Três dias depois, em 09 de agosto, seria a vez de Nagazaki receber o segundo e último ataque nuclear com cerca de 40 mil mortos na hora.

Ao longo dos dias e anos, vitimados por cânceres provocados por radiação ou então queimaduras severas, milhares de outros também perderiam a vida. Hoje, quando em grande parte do mundo, o que inclui o Brasil, hordas de neonazistas lutam pela tomada do poder em países importantes, é preciso lembrar isso. E recordar, sim, para não acontecer mais. Nunca mais!

Cito ao menos uma ironia do destino ligada àqueles dias terríveis. Depois do bombardeio de Hiroshima, quando os japoneses foram pegos totalmente de surpresa, o governo decidiu proteger os cientistas que haviam sobrevivido ao ataque, já que a cidade vítima era um polo industrial e de fabrico bélico, e os enviou todos no último trem que partiu para Nagasaki... Incrível, mas houve um homem que sobreviveu aos dois eventos.

O atual presidente dos Estados Unidos, o neonazista Donald Trump, comanda a maior e mais poderosa nação da atualidade representando o movimento "Maga". Montado num arsenal inimaginável, ameaça a tudo e a todos com sua política de tarifas. Foi triste vê-lo anunciando pela TV o acordo (ou seria a capitulação?) com a União Européia ao lado de uma Ursula Van Der Laen visivelmente constrangida, quase cabisbaixa. Isso diante de todo o mundo que ainda não parou para pensar que poder algum pode resistir e um planeta todo unido contra ele.

O risco de um novo evento atômico mundial existe hoje mais do que nunca. Ao lado de Trump estão figuras detestáveis como Benjamin Netanyahu, de Israel e outros nazifascistas menores. Alguns, como a italiana Giorgia Meloni preferem manter os pés no chão e esperam os tempos ficarem mais claros antes de botar ou não as garras de fora. Outros nada têm a perder. Esses talvez sejam os mais perigosos.

Nesse grupo estão o preso Jair Messias Bolsonaro, que jamais deixou de sonhar com um golpe de Estado, sua familícia grande e ativa e as hordas de bolsonaristas, extremistas de direita brasileiros e que sonham com uma nova aventura fora dos limites das leis em vigor. Agora mesmo - que coisa ridícula - eles estão no Congresso Nacional, esparadrapo nos lábios e outros pontos das faces, para exigir a anistia aos criminosos de 08 de janeiro de 2023 e o impeachmet do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal e que tem, reiteradamente, impedido o desrespeito à Constituição Cidadã.

O prícipe Yi U
Vou tocar apenas em mais um ponto relativo ao 06 de agosto de 1945: Morava em Horoshima o príncipe coreano Yi U, que apesar de seu local de nascimento era tenente-coronel do Exército Imperial Japonês por ser primo do imperador Hiroito. Apaixonado por cavalos, ele todo dia montava seu alazão predileto para um passeio pela cidade. E estava fazendo isso justamente no momento da explosão da bomba "Litle Boy". Havia, por trás de onde ele passava, uma parede forte, de pedra. Quando o que sobrou da cidade foi sendo investigado descobriram impressa naquele lugar a figura de um homem montado a cavalo. Nada mais foi achado dele e de seu animal a não ser aquela imagem estampada por cinzas lançadas contra a pedra.

Esse é o resultado das guerras nucleares. Uma próxima não terá vencedores, apenas vencidos. E é necessário dizermos isso àqueles que nos representam, e mal, junto aos poderes da nação. Ontem mesmo um senador capixaba que havia "tomado" a mesa diretora do Senado, discursava para seus podres iguais que o STF brasileiro não estava respeitando a Constituição dos Estados Unidos... Dos Estados Unidos, repito eu e pasmem! Ele tem pouca culpa. A responsabilidade maior cabe a nós que o elegemos para um cargo como esse sem que tenha condições intelectuais, éticas e morais de ser sequer fiscal de gafieira.

É preciso tomar cuidado antes de votar. Eis o dano do voto mal dado! O fantasma de 80 anos está aí mesmo para nos assombrar todos os dias, todas as horas.   

5 de agosto de 2025

A Academia da censura


Faz um bom tempo, muitos anos, sou membro da Academia Espírito-santense de Letras (AEL) e sempre admirei a entidade, além de me orgulhar de ser um dos seus 40 membros acadêmicos. Mas em época mais recente renunciei até ao cargo de primeiro secretário da entidade e depois comecei a me afastar de outras atribuições. Vejo a direção desse grêmio outrora literário como oportunista, aético, amoral e bem próximo da desonestidade institucional. Denunciei isso em duas oportunidades recentes, uma delas ao Conselho Estadual de Cultura (CEC) e a outra nesse mesmo Blogdoalvaro.blogspot.com. Estou sendo alvo de processo de censura e suspensão por parte da diretoria, que não aceita críticas e pretende fazer calar dessa forma a única voz que se insurge contra os fatos. Vamos a eles.

Depois de várias anormalidades, recentemente terminei meu mandato como representante na Câmara de Literatura e Biblioteca do CEC, órgão da Secretaria Estadual de Cultura (SECULT). Tinha a intenção de continuar lá, mas aproveitando-se do fato de meu não comparecimento a uma assembleia da AEL, a presidente Ester Abreu Vieira de Oliveira, títere na direção da entidade, omitiu essa ocorrência e encaminhou a indicação de outras duas pessoas, ambas literatas mas sem tempo para exercer as funções. Uma continua mas a outra, a escritora Renata Bonfim, disse "não". Então Ester, primeiro primeiro via Academia Feminina Espírito-santense de Letras, o que foi negado e depois por intermédio do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, nomeou para a função pessoa sem qualquer qualificação literária. Jamais escreveu ou editou um único livro. É advogada "aposentada", no dizer dela mesma.

O que acontece? De uns anos para cá a AEL passou a eleger para a vacância dos acadêmicos falecidos gente sem a menor expressão literária, apenas por elas serem militantes da extrema direita política brasileira e ligadas aos que já estão lá. A AEL elegia, no passado, por mérito literário e sem se importar com o pensamento político da pessoa. Mas isso passou e, de uma hora para a outra, por influência direta da extrema direita presente na Academia, só candidatos desse espectro político passaram a ser eleitos. 

As eleições sempre são feitas por chapa única e que são intituladas de "chapas de consenso". Na verdade, são "de conchavo". E acadêmicos que jamais aparecem para nada, nem para colaborar financeiramente com a entidade, se apresentam para votar. Já foi determinado em assembleia geral que tais pessoas não podem exercer esse direito, mas a presidente atropela a decisão da maioria e todos os que surgem votam sem problema. Um deles só conheci pessoalmente em dia de eleição, recentemente...

Como são feitas as chapas de conchavo? A presidente reúne o "petit comité" de acadêmicos em sua casa onde uma placa anuncia: "Solar da Ester". Lá é feita a composição única que passa pelo crivo de acadêmicos como Francisco Aurélio Ribeiro, o "presidente de honra" e outras cabeças coroadas da AEL, como o presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES), monarquista que tem feito da instituição no passado histórica um bastião do conservadorismo político de direita. Foi de lá que saiu o nome da minha sucessora no CEC, essa pessoa sem obra literária alguma, como já dito, mas fotógrafa de reuniões, eventos sociais, etc. Nada, absolutamente nada que tenha qualquer conotação de passado ou valor histórico.

Foi isso o que denunciei numa reunião do Conselho Estadual de Cultural, diante de todos os conselheiros. Denúncia feita às claras, em reunião oficial realizada por vídeo conferência, com ata e tudo o mais. Nada subterrâneo em solares, lupanares ou outros lugares secretos. Foi a reunião 177 do CEC e cujos registros públicos podem ser consultados por qualquer pessoa. Aliás, sobre isso a presidente Ester disse em uma de suas manifestações que eu estava inconformado por ter sido recusado. Ela mede os outros por sua régua.

O mundo então desabou sobre minha cabeça. O acadêmico, jornalista e advogado Jonas Rosa dos Reis, ungido antecipadamente como sucessor da atual presidente para o próximo conchavo, fez representação ou coisa parecida contra mim usando seus parcos conhecimentos jurídicos e para servir como anteparo aos interesses da presidente, dizendo que eu, com a denúncia no CEC, havia colocado em risco o recebimento de uma verba de R$ 1,8 milhão que a AEL pretende obter via emenda parlamentar para reformar o quase centenário prédio que ocupamos. Ele pedia que o "infiel" acadêmico, eu, "ainda membro da Academia", seja suspenso por seis meses por causa da denúncia e do artigo feito no blog. É preiso esclarecer que esse acadêmico foi meu colega de trabalho durante anos em A Gazeta, e o tinha como amigo pessoal. Inclusive cometi o erro, pobre de mim, de fazer dele autor de prefácio de livro meu. Representei contra ele junto ao Conselho de Ética do Sindijornalistas-ES.  

Em seguida foi criada na AEL uma Comissão de Sindicância para me julgar (sic!) e apreciar o pedido de suspensão que, explico, NÃO É PREVISTO NOS ESTATUTOS. Ou seja, tudo é absolutamente ilegal como disse o advogado por mim contratado em defesa apresentada nesse "processo" de censura e perseguição pessoal. E em uma Academia de Letras, fiquemos todos pasmos...

Mas meu susto final viria quando me foram passados os documentos da tal sindicância. O acadêmico Rosa dos Reis retirou da denúncia a acusação feita por mim, com todas as provas, junto ao Conselho Estadual de Cultura. Ficou somente, no escrito final de acusação do Rosa o artigo do blog e no qual digo que a AEL hoje está tomada pela extrema direita política que busca invadir todos os setores da sociedade brasileira, não restando nem mesmo as entidades culturais de serem poupadas por essa gente sem cultura alguma. O que teria acontecido para a acusação principal desaparecer da sindicância? Por que ela foi omitida no documento final? Foi defenestrada por ordem de quem e em que ponto de seu trajeto?    

É o fim da picada!


Para jogar com a cultura capixaba a AEL usa até mesmo a Biblioteca Pública Municipal Adeolpho Polli Monjardim, da Prefeitura de Vitória. A presidente Ester e o presidente de honra (sic!) Francisco Ribeiro, que preside a Comissão de Sindicância, manipulam a chefe desse setor, Elizete Cazer Rocha, usando as programações ditas culturais do órgão público para obter mais notoriedade e realizar aulas, dar palestras e serem destaque em outros eventos. São tantas as participações da dupla no que a biblioteca faz que, pergunto-me, como pode a PMV nunca ter desconfiado de nada se isso tudo está registrado? E nos estatutos a Academia deixa claro que as nossas relações com outras instituições devem ser marcadas pela "impessoalidade". A foto que abre esse texto, retirada da internet, é de uma solenidade de entrega de livros da AEL na biblioteca esta semana. A impessoalidade transpira por todos os poros...

Ainda penso no que vou fazer doravante. Talvez abandone a Academia que tanto amo e a deixo nas mãos de quem não tem estatura. Talvez lute contra o que acontece, como venho fazendo nos últimos tempos. Preciso decidir. Mas resolvi denunciar todos esses fatos  porque, entendo, uma instituição de 104 anos como a minha Academia Espírito-santense de Letras não pode continuar sendo desrespeitada como ocorre agora. O leitor pode perguntar o que teria acontecido na reunião de ontem. Não sabia ao fazer o texto. Não fui e não procurei ter conhecimento, mas fui informado por volta do final da manhã que o assunto foi arquivado pela diretoria. Seu único ato responsável nesse infeliz episódio.    

E esse relato é só um resumo...

1 de agosto de 2025

Para lavar roupa suja


Enquanto os ministros se preparavam para chegar à abertura das atividades do Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira 01 de agosto, servidores do órgão lavavam a estátua da Justiça que fica diante do prédio. Talvez fosse possível traçar um paralelo entre isso e o velho adágio de que roupa suja se lava em casa. E foi o que aconteceu depois, nas palavras de todos os ministros que se manifestaram, o mesmo acontecendo com o Advogado Geral da União e o Procurador Geral da República. Em outras palavras eles disseram que nossa roupa suja será lavada em casa, com os inocentes pelos atos da tentativa de golpe de Estado de 08 de janeiro de 2023 sendo absolvidos e os culpados, condenados. Simples assim.

Tão logo as emissoras de TV terminaram de transmitir a cerimônia de abertura, fui a um supermercado próximo de casa. Uma pessoa que respeito me abordou na saída: "Você acha mesmo que o Supremo é correto?". Respondi mais ou menos assim: "O Supremo é composto por seres humanos e todos nós temos falhas. Muitos conseguem minimizar essas falhas e outros apenas em parte, mas vai ser sempre dessa forma. Prefiro mil vezes um STF com as falhas que ele comete por não ser infalível a um sistema tirânico que desafia todas as leis".

Vi toda a cerimônia de abertura. Ouvi Gilmar Mendes e Alexandre de Morais, principalmente. As falas, todas elas, foram de apoio à soberania incondicional do Brasil e da Justiça que vai seguir no julgamento dos criminosos pela tentativa de golpe de Estado, haja o que houver, doa a quem doer.  Não importa se o presidente dos Estados Unidos é o sociopata que pretende governar o mundo todo ou não. Dane-se se ele se julga capaz de ditar o que os demais países podem fazer ou não. O Brasil tem uma Constituição, ela vigora e os julgamentos dos criminosos de 08 de janeiro seguem seu curso normal. Vai continuar assim.

Vimos todos nós pela TV, naquele dia, hordas de alucinados invadindo Brasília e destruindo parte dos prédios do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Legislativo. Também vimos idiotas marchando pelas ruas, acampados diante de quartéis e entoando cantos desconexos. Havia pneus nas vias públicas e as pessoas rezavam para eles. Outros colocavam aparelhos celulares na cabeça para manter contato com extraterrestres... Tentaram jogar uma bomba nas proximidades do Aeroporto Internacional Juscelimo Kubstcheck. Isso mata. Se o conjunto dessas loucuras não é uma tentativa de golpe de Estado, então o que vem a ser?

Esse golpe de Estado planejado e derrotado começou muito antes do dia da depredação. Num 07 de setembro o ex-presidente disse de maneira clara que não iria mais acatar ordens legais. Falou em decretação de Estado de Sítio mais de uma vez. Abusou do termo Garantia da Lei e da Ordem. Foi tudo preparação. Deixou o Brasil propositadamente na véspara do dia de entregar o cargo justamente para não fazer isso. A festa proposta pela extrema direira brasileira só não deu certo porque as forças armadas se recusaram a participar.

Então, é balela dizer que nada disso aconteceu. Houve sim e agora os culpados têm que pagar pelos seus atos. Assim acontece nos estados democráticos e onde impera o Direito.

E mais: Eduardo Bolsonaro e seus cúmplices têm que ser presos. 

29 de julho de 2025

Chantagistas não podem vencer


Não se iludam: Jair Bolsonaro, ao longo da vida, usou e descartou pessoas à sua volta por conveniência, pois a ele só interessam parentes e seus objetivos pessoais. Agora vai ser descartado em breve por Donald Trump, que reza da mesma cartilha política e a quem só interessam metas estabelecidas e o grupo fechado de seguidores incondicionais (pelo menos até agora...) que o servem na Casa Branca e no Legislativo. É um chantagista profissional irreparável ao qual até a União Europeia teve que se render num acordo vexatório. A foto da Reuters, onde aparece Úrsula Van Der Laer com ele na "cerimônia" do acordo de tarifas com os Estados Unidos mostra isso de forma bastante clara.

O chantagista não pode vencer e esses dias são de incertezas. 

No plano internacional o Brasil está longe de ter o peso político dos principais países europeus, tanto no terreno da projeção financeira quanto no militar. Mas ainda assim não podemos nos curvar às pressões e autoritarismos do atual presidente dos Estados Unidos. De nossa pátria ele quer os 17 minerais estratégicos e o PIX, principalmente, mas também pretende mandar no Judiciário e trazer de volta à cena política ativa o ex-presidente em vias de ser condenado, pois dessa forma mandará e desmandará nos destinos deste "quintal". Que é nosso! Os principais  nomes da direita política nacional cederão a isso, mas a esquerda, não, e agora é hora de ela ser seguida pelos reais patriotas: negociar, sim; render-se, nunca.

Trump entende de televisão, de como fazer publicidade de si próprio e do jogo do poder. Da forma como Hitler foi um dia. Mas como na maioria dos casos de gente assim, também sabe até onde pode e deve ir. Não quer arriscar o mandato que tem e foi concedido a ele pelas urnas, nem ao menos para completar o sonho de exercer poder absoluto sobre os Estados Unidos. Agora mesmo está buscando meios legais de continuar a pressionar o Brasil e usando para isso figuras como os políticos que deixaram terras brasileiras para conspirar no exterior. Vai tentar apoio jurídico, o que já deve estar fazendo, mesmo da Escócia.

O professor do curso de Ética e Filosofia da USP,  Renato Janine Ribeiro, que também é respeitado como filósofo, cientista político e colunista postou na internet um pequeno texto sobre o assunto e que merece ser lido. Vamos a ele, na íntegra: "A fuga de vários políticos para o exterior me faz cogitar que talvez a CIA esteja preparando a formação de um suposto governo alternativo no Brasil, com fornecimento de armas e mesmo tropas. Como prepararam aqui mesmo, em 1964, com a Operação Brother Sam. Ficaram a postos para intervir e apoiar os governos golpistas de SP, Minas e Guanabara. Esse tipo de regime se chama 'quisling', do nome do nazista de 1940. Foi julgado e enforcado após a guerra. Vários outros também o foram. Com sorte, fuzilados. É preciso ficar alerta e forte."

Tive uma grande amiga, jornalista como eu, Jeanne Bilich, que tremia de medo de um novo golpe de Estado no Brasil. Eu dizia a ela a volto a insistir: golpistas existem em profusão e gente como Eduardo Bolsonaro, Paulo Figueiredo, Carla Zambeli, Do Val e outros nascem e se reproduzem como micróbios ou ervas daninhas que são. Mas não estamos mais em 1964 e as tentativas fracassadas de golpe de Estado de Bolsonaro - esse último Jeanne não viveu para ver - são prova de que hoje tudo é mais difícil. Até nos EUA um movimento como esse sofreria resistências sérias e a guerra fria atual é muito diferente da daqueles anos.

De qualquer forma, como disse o professor Janine Ribeiro, é preciso ficar alerta e forte, mas sem medo de temer a morte. Vários setores, alguns deles oportunisticamente estão tentando negociar com os ianques. Motivos econômicos para uma taxação como essa não existe, nunca existiu, mas para os desonestos, sobretudo aqueles protegidos por um exército que  teoricamente não pode ser vencido, isso nada importa. As razões efetivas são subterrâneas.   

E para completar, Vidkun 'Quisling' foi um ex-ministro da defesa da Noruega que se tornou colaborador nazista durante todo o tempo do domínio alemão sobre seu país, denunciando muitos compatriotas e fazendo o mal que era possível fazer. Uma espécie de Philippe Pétain, traidor da França e que fez de Oslo sua Vichy. Ao final da guerra Pétain não foi fuzilado porque havia sido herói em 1914/18 e estava na casa dos 90 anos de idade. O norueguês não tinha esses "atenuantes" e a última coisa que viu na vida foram os canos dos fuzis do pelotão de fuzilamento. Triste fim porque "quisling" se tornou sinônimo de traidor.

Parece que poderá vir a ser assim com o termo 'bolsonaro'. Quem sabe?                                      

27 de julho de 2025

Que drogas eles usam?


O senador pelo Espírito Santo, Marcos do Val, deu declaração ontem nos Estados Unidos desafiando o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, para brigar. Disse que queria encontrar o magistrado sem testemunhas, desarmado, no prédio do Supremo, para acertarem as contas. Coisas de duelo de séculos passados! Não foi possível saber se ele estava drogado ou não, mas algum tipo de droga eles usam. Todos temos a mais absoluta convicção de que uma pessoa lúcida jamais faria isso, sobretudo ocupando o cargo de senador da República. E sem explicar como R$ 50 milhões foram encontrados em sua conta bancária após o bloqueio de toda a movimentação financeira determinada por Moraes depois de ele sair do Brasil mesmo com um passaporte bloqueado.

Do Val é senador pelo Estado do Espírito Santo; durma-se com um barulho desses! Aqui elegemos, além dele, também Magno Malta, Gilvan da Federal e Evair de Melo, além de outros sinistros representantes nossos. Poucos deles orgulham o Legislativo.

Um membro desse Poder não pode, em hipotese alguma, se valer de seu mandato para desrespeitar ministros de nossa Suprema Corte. Atos como esse merecem prisão, mesmo tendo o parlamentar imunidade constitucional. Essa proteção legal dos legisladores, explica-se,  é instrumento que serve para que eles exerçam seus mandatos a salvo de pressões indevidas e jamais para agredir membros de uma corte de Justiça, como vem sendo feito.

Um  ministro do Supremo não é uma pessoa intocável, como ninguém o é, mas tem que ser criticado dentro de critérios de respeito e ele, à instituição que representa e sempre com base em acusaçoes que possam ser totalmente comprovadas. Um senador do baixo clero como esse, que sequer goza do respeito da maioria de seus pares, não tem arcabouço intelectual, sobretudo em conhecimento jurídico, para dizer o que é constitucional ou não.

Magno Malta, outro senador, já protagonizou episódios parecidos e estando aparentemente sob efeito de álcool em plena sessão do Senado. Evair de Melo e Gilvan da Federal, deputados federais, desrepeitaram grosseiramente colegas de legislativo ou mesmo ministros do Governo Federal, como foi feito com a ministra Marina Silva, recentemente. E essa pessoa pública tem um passado que é verdadeiro patrimônio moral e reconhecido no exterior.

Na foto acima Do Val aparece brandindo um celular, aparentemente em janela de veículo e já nos Estados Unidos para onde foi ilegalmente. Ele não é uma pessoa de origem rica, ganhou dinheiro nos EUA como "Swat da Shopee" e terá de explicar como R$ 50 milhões foram parar em suas contas bancárias. Arrisco um palpite: via emendas parlamentares PIX, a nova modalidade de desvio de dinheiro público. Isso será muito mais importante do que chamar um ministro do STF para brigar. Imunidade parlamentar colocada de lado, o desacato é chave de cadeia. E esse indivíduo merece ser preso se realmente voltar.

26 de julho de 2025

O objetivo é a rapina!


Quem tem boa memória ou guarda arquivos vai se recordar de ter visto o ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje em vias de ser condenado pela Justiça do Brasil, fazer propaganda de um mineral de grande importância para a indústria atual: o nióbio. Nessa foto acima o sujeitinho aparece com um pedaço da matéria nas mãos. Na época eu me perguntava porque uma pessoa tão intelectualmente pobre teria fixação por isso. Mas não era ele quem tinha; eram os Estados Unidos que já naqueles tempos cobiçavam as nossas chamadas "terras raras". Isso agora está definitivamente escancarado sob a presidência de Donald Trump.

Em 1964 minérios foram motivo para os norte-americanos darem toda a cobertura possível e imaginável ao golpe de Estado de 1° de abril. Na época até mesmo a Marinha daquele país enviou um porta aviões e outros navios de guerra para a costa brasileira em apoio aos golpistas de então. Era a "Operação Brother Sam". Uma empresa ianque, a Hanna Corporation, tinha interesses de exploração mineral no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais e o governo de João Goulart se tornou obstáculo. Tinha então de ser removido. Em época de guerra fria isso era relativamente fácil de fazer. Foi feito.

São 17 os elementos tão importantes para a indústria atual, o que inclui, dentre outros segmentos, as áreas de comunicação e militar: lantânio, cério, praseodímio, neodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, túlio, lutério, escâmbio e ítrio. Toda essa reunião de proparoxítonos o brasileiro comum, como somos nós, praticamente desconhece existência. O nióbio da paixões do genocida inelegivel fica sobretudo em Minas Gerais, nos ricos lados de Araxá, e está presente em todos os celulares que a gente utiliza. Mais um vez lá por aquelas bandas mineiras...

O Brasil ainda não explora toda essa riqueza como deveria, nem possui tecnologia de ponta para tal. Então a cobiça existe. Nos tempos do ex-presidente de tornozeleira tudo estava pronto para que as jazidas fossem cedidas na bacia das almas a corporações dos Estados Unidos. Deu errado. E nem adiantou os inocentes (todos?) úteis acamparem diante de quartéis e outros lugares. Mas a ida de Lula para o poder, em vez de arrefecer esse desejo, tornou-o ainda mais explícito a ponto de o atual dono da Casa Branca ter abandonado todo o pudor para investir com força contra nós. É do interesse do país dele que a América seja quintal ianque e, depois do Brasil, haverá ataques contra Colômbia e México. Aguardem!

Jair Bolsonaro, o atual títere deles, é quem será usado num futuro próximo se o projeto der certo e para que a rapina de riquezas brasileiras se dê. Como agora a guerra fria não é mais explícita, a China surge como o inimigo ideal, mesmo sendo ela a responsável pela maior parte das exportações de comódites brasileiras. E se for necessária a destruição da democracia do Brasil, dane-se. Mesmo se o STF for descaracterizado na maneira como se apresenta hoje, no Judiciário mesmo surgirão aqueles que o "reformarão". Como nos EUA...

Todo esse esquema, que contava com representantes acampados diante do prédio do Supremo Tribunal Federal, em Brasília e até serem expulsos por ordem desse mesmo STF de madrugada, tem possibilidade de sucesso porque o golpismo é retroalimentado em nosso país, há um "perseguido político" que cai como uma luva nas pretenções norte-americanas para interventor e o Brasil não luta por seus reais interesses como deveria. Títeres sobrevivem em todos os setores, o que inclui também a cultura. Mas podemos sobreviver a isso se conseguirmos nos reunir em torno de objetivos nacionais.

E o Estado Brasileiro não pode e não deve ceder!

(texto atualizado às 08h25m